Classificando 2021 como um "divisor de águas" nos negócios, a operadora catarinense Unifique reportou resultados do ano passado nesta quarta-feira, 23, com altas de 60% nas receitas e no lucro líquido do período.
A companhia encerrou 2021 com 477,5 mil assinantes de banda larga, em avanço de quase 75% na base. O faturamento líquido no período cresceu 60,1%, para R$ 458 milhões em doze meses. Com Ebitda ajustado de R$ 235,6 milhões (alta de 54,9% frente 2020), o lucro líquido apurado no ano passado ficou em R$ 80,5 milhões – ou salto de 59,6%.
Em entrevista ao TELETIME, o diretor financeiro e de relações com investidores da Unifique, José Wilson Souza Júnior, destacou os resultados obtidos durante um 2021 de "muitas conquistas". Entre elas, a abertura de capital que permitiu "acelerar o crescimento de forma sustentável", a aquisição de frequência no leilão do 5G e a entrada, com ajuda de aquisições, da empresa no Rio Grande do Sul.
Ao longo do ano passado, foram dez as compras realizadas pela operadora – sendo três delas em território gaúcho. No total, das 204 mil adições líquidas de clientes realizadas em 2021, 77 mil ocorreram de maneira orgânica e 108 mil, via aquisições em Santa Catarina e no estado vizinho. Foram investidos R$ 178,2 milhões com a compra de participações societárias ao longo do ano
"Conseguimos pagar preços melhores que outros players", afirmou José Wilson – não sem apontar expectativa de redução de valores para M&A neste ano. "Estamos mais criteriosos e tem uma série de provedores batendo na nossa porta, oferecendo a empresa para ser negociada. Estamos em posição mais confortável pela forma que nos capitalizamos; terminamos o ano passado com R$ 695 milhões no caixa".
Para 2022, a meta de adição de clientes via aquisições é de 200 mil – sendo que a empresa considera cerca de 150 mil já cumpridos a partir das primeiras operações do ano (como a Sygo, de 80 mil clientes) e de excedentes frente à meta de 70 mil adições via M&A em 2021.
Pelo lado do crescimento orgânico, o objetivo são outros 200 mil clientes, ainda que neste caso a meta seja considerada mais desafiadora: mesmo apontando que a região Sul foi menos afetada que as demais por questões macroeconômicas como desemprego, Wilson sinaliza preocupação com efeitos da inflação e da erosão do poder de compra sobre a base potencial de clientes da companhia.
Até dezembro, a Unifique somava 1,631 milhão de HPs, ou domicílios com o serviço de fibra óptica disponível para contratação. O indicador avançou 86,9% ao longo do ano passado, com ajuda de R$ 194 milhões aportados na construção de novas redes e ativação de clientes.
Finanças
Em 2021, a Unifique apresentou margem Ebitda ajustada (descontando efeitos não recorrentes) de 51,4% no acumulado do ano, sendo 50,1% apenas no quarto trimestre. Abaixo das cifras de 2020, os números superaram meta de 50% para o indicador definida pela empresa, que abriu capital em julho passado.
Desde a estreia na bolsa, os papéis da operadora perderam acima de 40% do valor, em movimento mais relacionado com o cenário macroeconômico do que com os fundamentos da Unifique, segundo o CFO. A própria companhia efetuou a recompra de seis milhões de ações a partir do diagnóstico que os papéis estavam abaixo do que valiam.
"Os fundos fizeram uma série de saques e liquidaram investimentos com menos liquidez, o que levou à desvalorização, mas dói para eles vender porque a gente entrega resultado. Tínhamos determinado múltiplo de Ebitda no IPO e estamos aumentando esse Ebitda de forma significativa. Se comparar com Desktop e Brisanet, a gente vê que estamos sendo menos penalizados", afirmou Wilson.
Já do ponto de vista do endividamento, o CFO reporta uma situação "confortável". Considerando passivo de aquisições (R$ 204 milhões) e dívida bancária (R$ 288 milhões), o montante devido pela empresa é de R$ 493 milhões. Mesmo com a alta de 114% no indicador, Wilson nota que a dívida líquida é negativa em R$ 203 milhões frente o caixa de mais de R$ 695 milhões.
