Algar cresce dois dígitos em 2021 e segue atenta a oportunidades no mercado

Tulio Abi-Saber

Publicado na noite da última terça-feira, 22, o balanço financeiro da Algar Telecom no acumulado de 2021 apontou alta de dois dígitos nas receitas, Ebitda e lucro líquido da companhia, apesar de cenário visto como desafiador. Em 2022, a operadora mineira seguirá "atenta a oportunidades" no mercado.

Em entrevista ao TELETIME, o vice-presidente de finanças e relações com investidores da Algar, Tulio Abi-Saber, comentou os números e parte da estratégia futura da empresa. "O crescimento [em 2021] é maior que o apresentado em 2020 e mostra que a companhia está acelerando", afirmou o executivo.

Em termos de receitas, a Algar faturou R$ 2,588 bilhões no ano passado, em salto de 10,1% (e 18,3% apenas no quarto trimestre). Sem efeitos pontuais, o Ebitda cresceu os mesmos 10,1%, para R$ 1,110 bilhão, avançando 29,3% no último quarto do ano e atingindo 43% de margem.

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Já o lucro líquido recuou 35% entre outubro e dezembro, o que não impediu alta de 13,4% no consolidado de 2021 – para R$ 229,5 milhões. Segundo Abi-Saber, os resultados da operadora devem ser comemorados visto o cenário macroeconômico em 2021 bem diferente do previsto no começo do ano – quando ainda se acreditava em inflação e pandemia controladas, além de taxa de juros a 2,5%.

O principal motor do crescimento no ambiente "desafiador" foi o segmento corporativo (B2B), seguindo estratégia assumida pela Algar ainda em 2015. A vertical somou R$ 1,660 bilhão em receitas, em alta de 16,7% que já havia acelerado para 25,5% no quarto trimestre. Assim, o B2B fechou o ano equivalendo 64% das receitas totais do grupo, em avanço de três pontos percentuais.

Entre os destaques no segmento, a aquisição da Vogel Telecom. "Isso consolidou nossa atuação em capitais onde já não era mais possível construir novas redes", afirmou Abi-Saber, citando regiões de alta densidade de negócios como Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e Belo Horizonte. No ano, a base de clientes corporativos da Algar avançou 14,8%, totalizando 183,7 mil empresas.

Incluindo o movimento de consolidação da Vogel e a compra de licenças no leilão do 5G, o investimento da Algar chegou a R$ 1,068 bilhão no total de 2021, em alta expressiva de 131% frente 2020 (sendo 49,6% se descontada a aquisição).

"Em 2022, nosso capex da ativação de clientes deve continuar bastante robusto, já que a gente vai continuar crescendo em base de clientes. E existe a outra parte, que está associada a oportunidades de crescimento orgânico e inorgânico. Estamos sempre atentos a essas oportunidades", apontou Abi-Saber.

B2C

No caso do negócio de varejo, a base total de clientes recuou 4,3% e deixou as receitas praticamente estáveis em R$ 928 milhões (no quarto trimestre, houve crescimento de 6,6%). Ao TELETIME, Abi-Saber notou que o B2C teria crescido 3% no ano se não fosse a descontinuidade da operação de TV por assinatura da Algar.

Ainda assim, o impacto da pandemia sobre as receitas pré-pagas em telefonia móvel também foi observado: o faturamento no segmento recuou 11%, em oposição à alta de 10,7% no pós-pago. No geral, os acessos móveis da empresa recuaram 4,4%, para 1,090 milhão de clientes: enquanto a base pré caiu 11%, a pós-paga avançou 5,8%, denotando sucesso na estratégia de migração entre as modalidades, segundo Abi-Saber.

Na banda larga fixa, a transição para a tecnologia de fibra óptica já está bem avançada, de acordo com dados do balanço. Dentre os 506 mil acessos de Internet residencial da empresa, 93% são baseados em fibra, contra 75% ao fim de 2020. Na área de concessão da Algar, 95% dos domicílios já tem a fibra disponível para contratação.

"Estamos chegando bem perto dos 100% [da base com tecnologia óptica] e continuamos focados na migração. Nossa base de fibra cresceu 25% ano contra ano", notou o vice-presidente de finanças da Algar. "Nós praticamente concluímos o processo de transição de uma telco legada para uma telco do futuro", concluiu Abi-Saber.

Cenário

Para 2022, há expectativa de migração "relativamente rápida" de clientes móveis para a tecnologia 5G – que a Algar já começou a implementar em algumas cidades da área de concessão. Por outro lado, incertezas no ambiente de negócios também devem exigir cuidado – incluindo os níveis altos de inflação e desemprego, a persistente ruptura na cadeia de fornecimento, a fase ainda crítica da pandemia e as recentes turbulências internacionais.

"Temos que olhar a questão das incertezas, mas estamos muito bem posicionados para capturar investimentos e crescer", sinalizou Abi-Saber. "Os investidores continuam apoiando e acreditando na Algar. Prova disso é o sucesso que tivemos com emissão de dívida, na qual acabamos de captar R$ 1,050 bilhão. Papéis de dívida com dez anos [de vencimento] em telco, só a Algar tem".

Sem considerar essa emissão mais recente de debêntures (concluída já neste ano), a Algar encerrou 2021 com dívida líquida de R$ 2,456 bilhões, em alta de 33%. Assim, o indicador dívida líquida/Ebitda encerrou o ano passado em 2,2x, patamar considerado "saudável" por Abi-Saber para a continuidade do crescimento e captura de eventuais oportunidades de negócio.

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