Desde que iniciou as primeiras conversas com a Anatel sobre o 5G, a Brisanet já planeja a expansão da infraestrutura pensando na nova geração de redes móveis. Contudo, essa estratégia caminha lado a lado com o carro chefe da provedora regional: a fibra e o avanço acelerado na cobertura da banda larga fixa.
CEO da Brisanet, José Roberto Nogueira comentou durante primeiro painel do Teletime TEC nesta segunda-feira, 22, que espera o 5G funcionando como tecnologia complementar à banda larga fixa, mas não necessariamente com o acesso fixo-móvel (FWA) como principal foco. Para ele, nas classes C, D e E, a tecnologia de quinta geração poderá ter essa função de ser a principal conexão na residência, mas ele entende que a fibra continuará tendo um papel muito forte, especialmente nas classes A, B e C+, considerando inclusive a convivência com 5G.
Enquanto isso, a companhia desenha sua estratégia para a operação móvel. A Brisanet adquiriu no leilão do 5G as faixas de 3,5 GHz e 2,3 GHz (em lotes do Nordeste e Centro-Oeste). Conforme explica o executivo, isso ajudará a ampliar a cobertura. "A gente achava difícil [ganhar a concorrência do] 2,3 GHz, mas sempre desejamos frequência mais baixa para ajudar o 3,5 GHz. Na borda da abrangência, vai ajudar. Há a possibilidade de usar o 700 MHz no futuro, mas o 2,3 GHz já resolve", declarou.
A empresa vai endereçar as cidades maiores com a marca própria, enquanto nas menores espera contar com parcerias, oferecendo o modelo de MVNO. Além disso, espera que as regras do roaming permitam o avanço para outras localidades.
"Como somos entrantes, vamos construir primeiro o site, e precisamos que clientes possam fazer uso das redes existentes na cidade vizinha. É um processo no qual precisamos reunir os esforços do mercado", declara. Enquanto essa questão não é resolvida, a Brisanet segue com o plano de investimento mais acelerado principalmente nos "aglomerados de cidades" no Nordeste.
Fibra
Por isso, a provedora regional vê oportunidades ainda consideráveis no acesso de FTTH. Nogueira estima que, considerando a base atual de 40 milhões de acessos, há espaço para a migração de metade desses contratos para a fibra. E, depois desse período, pelo menos mais 20 milhões, totalizando 60 milhões de conexões com a tecnologia. "A fibra está atrelada à situação econômica do País; se até 2024 houver melhora, 80% das casas vão precisar das duas tecnologias, 5G e fibra."
Inclusive com preparação para o futuro: segundo o executivo, basta trocar um cartão para atualizar a rede atual para o padrão XGS-PON. "Inclusive não é nem Opex: o cartão Gbit que substituir vai para uma cidade pequena", destaca.
Para a expansão, Nogueira mostra maior interesse nas parcerias do que na segregação da própria infraestrutura para o atacado. "A Brisanet é uma empresa flexível, acompanhamos tendências e não estamos descartando a possibilidade de usar rede neutra, a V.tal tem a possibilidade de ser nossa fornecedora. Mas a Brisanet, neste momento, não está disponibilizando o modelo de abertura de rede para outras empresas."