Com os primeiros lançamentos comercias de 5G, é bem provável que possamos esperar que os primeiros aparelhos 5G sejam anunciados no "Mobile World Congress" do próximo ano – inicialmente a um preço mais elevado para early adopters, apesar da disponibilidade ainda limitada da rede 5G. É a natureza humana – como se desejasse uma Ferrari em um mundo com limites de velocidade de 70 km/h.
O 5G vai oferecer velocidades pelo menos dez vezes mais rápidas que o 4G, o armazenamento de conteúdos de alta definição (HD) em nuvem e o suporte para vídeo 4K.
Muitos dos serviços 5G previstos usarão uma combinação desses recursos. Por exemplo, a realidade virtual (VR) exigirá alta capacidade e ultra confiabilidade com baixa latência. A VR é mais do que apenas jogos: tem potencial para transformar a educação, o treinamento, o design virtual e a saúde. Para que um cirurgião possa fazer um diagnóstico preciso, ou pelo mesmo realizar uma operação remota, a resolução da imagem de realidade virtual deve estar próxima da resolução de uma retina humana. Isso requer pelo menos 300 Mbps, quase 60 vezes maior do que o vídeo HD atual com latência indetectável e, claro, com ultraconfiabilidade.
O 5G atinge sua incrível largura de banda operando em faixas de freqüência mais altas, no espectro de ondas milimétricas. Nessas freqüências, os sinais não vão muito longe e são mais facilmente obstruídos por paredes, obstáculos, chuva ou neblina, o que requer acesso claro à linha de visada.
Disponibilidade total significa que muito mais células menores devem ser adicionadas à rede. O acesso 4G existente deve ser estendido como capilares em uma rede fina de células pequenas que se alimentam de artérias de transporte existentes. Isso requer um enorme investimento, parcialmente compensado pelo fato de que as antenas 5G podem ser muito menores e usar menos energia. Elas também economizarão energia concentrando os sinais com mais precisão, em vez de transmitirem igualmente em todas as direções ao mesmo tempo.
Para dar suporte a este comportamento mais dinâmico das células, precisamos de uma inteligência maior em direção à extremidade. Além de usar múltiplas antenas para direcionar os sinais de forma mais eficiente, o 5G também reconhecerá o tipo de sinais a serem enviados e reduzirá a energia quando menos for necessário. Ter um grande número de células pequenas nas proximidades também permite Multiponto Coordenado (CoMP) – uma técnica em que estações de base próximas respondem simultaneamente e cooperam para melhorar a qualidade do serviço.
Desafios de fibra profunda (Fibre-deep)
Embora a tecnologia sem fio de alta velocidade possa quebrar o galho quando o tempo ou o custo impossibilita a instalação de fibra, a única tecnologia capaz de suportar consistentemente o aumento de demanda e a qualidade do serviço do 5G será a fibra óptica. Cada célula de uma rede 5G capilar é muito menor do que uma típica de 4G, mas há muito delas e aplicações tão exigentes, que a demanda total de largura de banda na rede de transporte será enorme.
Por isso, é necessário estender a fibra o mais próximo possível até as pequenas células, a fim de atender a essa demanda. Essa evolução "de fibra profunda" (Fibre-deep) não será alcançada através da simples multiplicação de equipamentos de fibra já existentes e de sua construção no espaço metropolitano, conforme necessário. Em vez disso, haverá a necessidade de se instalar muitos nós de rede mais compactos e eficientes, onde eles possam ser economicamente acomodados. Isso pode incluir abrigos de telecomunicações remotos, armários de rua, armários ou estações celulares.
Os principais fornecedores de equipamentos ópticos estão bem conscientes desses desafios e estão desenvolvendo soluções mais adequadas para redes de fibra profunda (Fibre-deep). As últimas unidades otimizadas para acesso podem fornecer 100Gbps a meros 20 watts, com capacidade de empacotamento de mais de 400Gbps em uma unidade rack padrão – cerca de oito vezes a densidade dos equipamentos da geração anterior. Além disso, o setor vem trabalhando para elevar a visão da União Internacional de Telecomunicações (ITU) a respeito do WDM-PON auto-sintonizável até os níveis de desempenho necessários para dar suporte aos requisitos de alcance e de capacidade das redes 5G.
Pressão na rede de transporte
Esse ambiente de acesso 5G, muito mais denso, mesmo com uma inteligência maior localizada na extremidade, fará uma forte pressão na infraestrutura ascendente (upstream). Com a mudança para 5G, observa-se já uma pressão competitiva maior entre as operadoras de telefonia móvel e as operadoras atacadistas que hospedam serviços de transporte 5G. Isso está obrigando os compradores a procurarem por um desempenho e uma eficiência maiores e especificações mais exigentes – impulsionando uma mudança para soluções mais agregadas de melhor qualidade.
Além da capacidade maior, existem outras demandas que não serão atendidas por muitas soluções ópticas existentes. Entre as melhorias exigidas pelo 5G, a tecnologia de agregação de portadoras (CA) permite o uso de várias portadoras diferentes nas mesmas bandas de freqüência para aumentar a taxa de transferência de dados, assim como o CoMP (descrito acima) faz uso de células vizinhas. Essas soluções exigem novos níveis de precisão de sincronização, bem como baixa latência. As operadoras de telefonia móvel, que agora compram equipamentos, precisam analisar atentamente as especificações para garantir que elas não estejam investindo em sistemas que se tornarão obsoletos à medida que o 5G for implantado.
A preparação do 5G é um desenvolvimento contínuo. As operadoras de telefonia móvel precisam trabalhar de forma constante em relação a suas capacidades com o transporte móvel pronto para 5G que otimizam as redes 4G atuais e fornecem o alto desempenho necessário para o 5G completo no futuro. (As opiniões expressas nesse artigo são de cunho pessoal e não refletem a posição editorial de TELETIME)
Muito bom o texto. Muito esclarecedor e sucinto. Parabéns.