O Frenesi do PacMan

Os recentes comentários da ABRANET sobre o ataque do setor móvel às frequências atualmente planejadas para a expansão do WiFi confirma a percepção do setor satélite de que vivemos um momento de "frenesi do PacMan" e nada parece saciar a demanda do IMT por mais espectro, mesmo que este demanda seja irreal ou inviabilize outras tecnologias já estabelecidas e essenciais para o ecossistema global de telecomunicações.

Este mês inicia-se no Egito a conferência WRC-19 da UIT (Conferência Mundial de Radiocomunicação da UIT), onde serão discutidos novamente as alocações de espectro entre as tecnologias emergentes, seja no espaço, seja em terra. É necessário o mínimo de equilíbrio e uma visão mais abrangente para que estas alocações não sejam baseadas em visões míopes e uma promessa insustentável de que só os serviços móveis salvam as economias do futuro!

O foco do segmento terrestre é total e míope no desenvolvimento do 5G móvel terrestre, buscando freneticamente novas faixas de operação, ignorando aspectos básicos desse novo ecossistema. As inovações no setor de satélite envolvem satélites geoestacionários de alta capacidade e sistemas de satélite não-geoestacionários que entregam serviços vitais globalmente em altas velocidades com mais capacidade e menores preços para clientes de todos os tipos, desde individuais em áreas remotas até em empresas ou governos em toda parte. Inovações em outras tecnologias, também.

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Alcançar uma distribuição do espectro justa é crítico para todo o conjunto de novos serviços que serão desenvolvidos no futuro.

Uma abordagem realística que valorize o papel de tecnologias complementares, terrestre e satélite, permitirá que os novos serviços inovadores possam crescer preservando a habilidade de atender desafios críticos de comunicação que afetam grande parte do mundo atualmente e que se não forem atendidos poderia aumentar ainda mais a brecha do mundo digital.

Não cabe no cenário atual repetirmos erros do passado e incentivarmos a concentração de renda aumentando a produtividade das áreas mais ricas e concentradas em detrimento das áreas mais pobres e remotas. A brecha digital significa uma brecha social e precisa ser reduzida o mais rapidamente possível e não intensificada.

Como podemos concluir, a WRC-19 será a pedra fundamental para a continuidade dos estudos que serão realizados para a próxima conferência em 2023, quando a indústria satélite espera poder assistir uma expansão adicional do uso das faixas alocadas aos satélites, mas também alocações justas para o WiFi e o móvel terrestre, o que irá permitir a entrega de novos e inovadores serviços dentro de um ecossistema 5G sem fronteiras entre ricos e pobres, entre urbanos e rurais e operando em terra, no mar e no ar. Que o PacMan descanse finalmente.

(* – Luiz Otávio Prates é presidente do SindiSat. Este artigo reflete as opiniões do autor)

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