Equidade de gênero está na agenda das empresas de telecomunicações

Na tarde desta terça-feira, 22, do Painel Telebrasil 2020 discutiu como a agenda da equidade de gênero está sendo tratada nas empresas do setor de tecnologia e de telecomunicações. Entre as participantes, o consenso foi de que é preciso estimular, desde a infância, o contato com áreas como ciência e tecnologia, além de estimular os novos jovens talentos que entram nas empresas.

Georgia Sbrana, VP de Marketing, Comunicação Assuntos Corporativos do Sul da América do Sul da Ericsson, coloca: "É preciso olhar como entram e fazem  suas carreiras na empresa, porque elas já vêm com esse perfil de diversidade. E isso deve ser estimulado". Sbrana diz que, entre 2018 e 2020, o número de novos talentos mulheres que entraram na empresa saltou de 34% para 54%. "Além disso, também no mesmo período, aumentamos o número de mulheres em posições de liderança, saindo de 24% para 26%."

A presidente da Oi Futuro, Suzana Santos, segue o mesmo raciocínio. "De fato, devemos fazer estímulos para os jovens. E as escolas que levam a ciência e a tecnologia para o mundo das meninas são importantes nesse processo". A executiva aponta que na Oi a força de trabalho feminina representa atualmente 36,4% do quadro geral de colaboradores. E no quadro de executivas (diretoras, gerentes e consultoras executivas) na companhia, alcança-se a marca de 31,4% em 2020.

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No Oi Futuro 60% dos colaboradores são do sexo feminino e mais de 50% das lideranças são ocupada por mulheres. Santos também defende que é fundamental as empresas pensarem em formas de estratégias que auxiliem as mulheres nas suas carreiras.

O fomento e o estímulo a crescer na carreira também é um aspecto que a CIO da TIM Brasil, Auana Mattar, aposta como uma estratégia que pode garantir mais mulheres em posições estratégicas no setor de telecomunicações e de tecnologia. "É importante fomentar nas meninas a vontade de crescer e evoluir na carreira. Este é um tema bastante sério na TIM. O assunto é tratado na presidência e na pauta de conselho da empresa", diz a CIO da operadora.

Mattar diz que na TIM existe uma proporção de gênero relativamente equilibrada. São 51% de homens para 49% de mulheres. Já nos postos de liderança, são 34 % de mulheres e 66% de homens.

O tema da diversidade é algo que está nos valores da Claro Brasil, diz a Diretora Jurídica e Regulatória da operadora, Isabela Cahú. "Uma empresa que está em 24 países, que torna o tema da diversidade algo relevante, é importante que todos da empresa estejam comprometidos com esse assunto", disse a advogada.

Ela reconhece que, quanto maior o cargo de liderança, menor o percentual de mulheres nesses espaços. "Essa é uma realidade do Brasil", diz. Cahú também aponta que algumas ações, inclusive legais, como a implementação de cotas, estão sendo tomadas para reduzir essa desigualdade. "Aqui no nosso departamento jurídico, a figura da mulher é algo presente", disse Cahú.

Mudança cultural e tecnologia

A líder de TMT da Deloitte, Márcia Ogawa, destaca que o aspecto educacional é chave nesse processo de estímulo para que as mulheres ocupem cargos estratégicos nas empresas. A executiva enxerga que a tecnologia pode ser uma ferramenta importante nesse estímulo. "É importante pensar que o estímulo vem da família. E também dos professores. Por isso, é importante estimular, por exemplo, a participação das crianças nas feiras de ciências, utilizando as novas tecnologias para isso", diz Ogawa.

Ogawa também defende que a tecnologia 5G não só permitirá conectividade, mas também métodos que permitam chegar de maneira inclusiva, com processos educacionais envolvendo também a tecnologia. "Então, eu vejo o 5G, essa tecnologia, como algo importante para o nosso País. É tecnologia e conectividade que permitem chegar com mais qualidade na educação, saúde etc.", diz a engenheira.

Isabela Cahú, da Claro, destaca que é importante mudar o aspecto cultural das empresas. A advogada acredita que é preciso pensar em estratégias que envolvam outros aspectos legais e políticas voltadas para melhorar a vida das mulheres nas empresas.

A professora Roseli de Deus Lopes, da Escola Politécnica USP, enxerga nas metas algo necessário nas empresas para o acompanhamento. "Eu sou a favor de estabelecimento de metas, e é importante cumpri-las em tempos razoáveis. E em alguns casos, é importante ações afirmativas. Se você for ver nas universidades, a política de cotas ajuda. Mas isso deve ser feito com um acompanhamento, para saber se os objetivos estão sendo alcançados", finaliza a professora.

As cotas são uma medida que as palestrantes destacaram ser importante, especialmente quando se fala de metas dentro das corporações. Porém, devem vir acompanhadas de políticas que garantam e estimulem as mulheres a seguirem as carreiras das empresas.

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