Guarda de logs é denecessária com o IPV6, relembra pesquisador

Um novo ingrediente na discussão sobre a guarda de logs (registros de acesso à Internet), aparentemente desconsiderado pelo governo quando trata do assunto no Marco Civil da Internet e também na proposta de novo regulamento do SCM da Anatel, foi lançado nesta quinta-feira, 22, em debate promovido pelas instituições que criaram o movimento “Banda larga é um direito seu”.

Notícias relacionadas
Sergio Amadeu, professor da UFABC e ativista das áreas de inclusão digital e software livre, explica que com a migração do IPV4 para o IPV6 os IPs serão fixos e não mais dinâmicos, o que significa que cada usuário terá à sua disposição cerca de 1,2 mil endereços IPs. Com isso, é desnecessário que se guarde os logs de conexão, na medida em que os IPs se tornarão instrumentos eficientes para a identificação do usuário que tenha cometido um ato ilícito pela Internet, por exemplo. “Deveria se proibir a guarda de logs. Quanto vale esse rastro digital para se definir comportamentos, hábitos de consumo?”, pergunta ele.

Segundo ele, está sendo regulada uma situação que será totalmente superada, dentro de 5 a 10 anos, na medida em que o IPV6 seja amplamente adotado.

Neutralidade

O pesquisador também criticou a forma como o governo tem tratado da neutralidade de rede, deixando brechas para que no futuro o poder econômico das teles formate a regulamentação da forma que lhes for mais conveniente. Ele se refere ao texto do Marco Civil que garante a neutralidade nos termos de uma regulamentação posterior. “Tem que dizer desde já e a regulamentação detalhar depois. Senão teremos surpresas porque o poder das teles é enorme”, afirma.

Amadeu também é contra a revisão da Norma 4. Segundo ele, se a Internet deixar de ser considerada como uma atividade de valor adicionado, ela será telecomunicações, ficando, portanto, sujeita à regulamentação da Anatel, que hoje, na sua visão, não tem competência para tal.

Qualidade

Em relação à qualidade da banda larga, a proposta de Sergio Amadeu é radical, mas na sua avaliação a mais justa para o usuário. Ele propõe que sejam instaladas caixas de medição da velocidade na casa de cada usuário. Ao final do mês, então, os usuários pagariam pela velocidade média navegada e não pela velocidade contratada. "Dá para fazer. E seria muito barato porque a escala é gigantesca", afirma.

Espectro

Para Sérgio Amadeu é preciso repensar a forma de utilizar o espectro que, segundo ele, está sendo subutilizado mesmo nos grandes centros. “O jeito que a gente ocupa o espectro é uma das formas, mas não é a única”, afirma. Segundo ele a tecnologia Mesh – aquela em que cada terminal se torna um ponto de repetição do sinal, é um exemplo de uso mais eficiente, mas não avançou porque tira mercado das operadoras de última milha, a despeito da sua eficiência comprovada na utilização pelos EUA durante a guerra do Iraque.

Além disso, ele mencionou que já existem rádios inteligentes, que monitoram o espectro e transferem a comunicação para a frequência livre naquele momento, e cobrou o uso mais amplo do espectro em caráter secundário.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!