Apesar das ações, Fittel defende criação da BrOi

O movimento encabeçado pela Federação Interestadual dos Trabalhadores em Telecomunicações (Fittel) para que os sindicatos entrem com representações pedindo a investigação da união entre Brasil Telecom e Oi está cada vez ganhando mais adeptos. Vários sindicatos já aderiram e outros estudam apresentar em breve reclamações ao Ministério Público Federal (MPF). Mas um detalhe tem passado despercebido na enxurrada de representações: conceitualmente, a Fittel é favorável à criação da BrOi.
A motivação para sugerir que os sindicatos protestem no MPF está mais no campo trabalhista e político do que na criação em si da super tele. É o que explica o Secretário Geral da Fittel, João de Moura Neto. "Não temos a intenção de impedir a união das empresas. Apenas achamos que tem que se investigar. É para ser uma ação, essa do MPF, moralizadora", afirmou.
"Moralizar" a operação seria dar mais atenção aos empregos e à qualidade do serviço, por exemplo, além de esmiuçar a negociação construída para viabilizar a BrOi. Um dos pontos de incômodo de Moura Neto é como foi acertado o pagamento pelas ações de Daniel Dantas e os demais negociações com o banqueiro. "É uma empresa que está sendo criada com dinheiro público, do BNDES. Então estas questões precisam ser esclarecidas", explicou.

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Tecnologia

Mas as ressalvas não atingem o cerne do negócio. Moura Neto defende a importância de o Brasil ter uma grande empresa capaz de investir em áreas como o desenvolvimento tecnológico. Para o secretário geral, a BrOi é uma chance para que o Brasil retome as pesquisas de equipamentos para o setor de telecomunicações, reduzindo a dependência de outros países. "O Brasil não pode abrir mão de sua inteligência pra ficar comprando bugiganga da China."
A idéia de ter uma grande empresa competindo no mercado internacional também agrada Moura Neto. Mantidas separadas, Brasil Telecom e Oi seriam "minúsculas" frente a grandes grupos internacionais como Telefónica e Telmex, na visão do representante da Fittel. "Queremos ser protagonistas e não mero coadjuvantes", argumenta.
Representante do sindicato do Mato Grosso do Sul, no entanto, afirma que o entendimento no Estado é que a criação da BrOi é meléfica para os trabalhadores. Segundo ele, está havendo o mesmo discurso de manutenção dos postos de trabalho usado na privatização, mas que no final vários empregos são cortados. "Na privatização éramos 1800 funcionários, ficaram só 210. O resto foi terceirizado com salários baixíssimos", diz ele que é funcionário da Brasil Telecom. "Aqui (na BrT) todo mundo é contra", completa.

Representações

Até esta segunda-feira, 22, a Fittel confirma a adesão de seis sindicatos no movimento de apresentação de reclamações ao MPF: Rio Grande do Sul, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pará, Distrito Federal e Acre. Os sindicatos de Goiás e Mato Grosso do Sul também já teriam entrado com representações, mas ainda não confirmaram oficialmente a ação na Fittel. Por enquanto, apenas o Rio de Janeiro posicionou-se contrariamente ao movimento da federação entre os estados associados.
A representação do Rio Grande do Sul gerou a abertura de um inquérito civil público por conta do MPF. Segundo Moura Neto, a tendência é que as demais representações sejam juntadas a este processo de investigação ao invés de originar outros inquéritos.

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