Para Globo, digitalizar o "Brasil profundo" passa por compartilhar infraestrutura

Raymundo Barros, diretor de engenharia da Globo

Para a Globo, os resultados do switch off analógico têm sido muito positivos. Raymundo Barros, diretor de tecnologia da rede, diz que o próximo desafio é "levar a TV digital ao Brasil profundo". Ele apresentou os esforço de digitalização da Rede Globo em um painel na SET Expo nesta terça, 22, em São Paulo.

Em 2010, a rede chegou a todas as cidades com mais de 50 mil habitantes. Em 2016, estavam digitalizadas 110 geradoras e 415 retransmissoras, cobrindo uma área com 140 milhões de habitantes. Em 2017, para ampliar a população atendida em apenas mais 7 milhões, chegando a 147 milhões, foi necessário digitalizar mais 118 retransmissoras. "Estamos vivendo o pior momento da digitalização, com crise econômica e um investimento com baixo retorno, mas fundamental", disse.

Os sinais da Rede Globo hoje atingem 100% da população na área onde o switch off aconteceu em 2016; 99% da população das áreas de 2017; 91% dos habitantes das áreas com apagão em 2018; e apenas 30% dos habitantes das áreas com switch off entre 2019 e 2023.

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Segundo Barros, os modelos de digitalização não são economicamente viáveis nas pequenas cidades. "Temos que encontrar uma forma de compartilhamento de infraestrutura. Está na hora de a radiodifusão aprender a fazer isso que as operadoras de telecom fazem há muito tempo", disse.

Futuro

Barros propôs ainda que se abra um canal de debate sobre o futuro da TV. "Apenas a ampliação da qualidade de som e imagem não será suficiente para uma nova onda de renovação", disse. Para o diretor de tecnologia da Globo, a TV 3.0 precisa de novas ferramentas de medição audiência; permitir distribuição de conteúdo endereçável; promover a integração de dispositivos (casa, carro, e dispositivos móveis); sincronismo de telas; mais escolhas, canais e flexibilidade; e integração com o 5G. Além disso tudo, deve ser flexível, adaptável e focada no futuro.

"Governo, radiodifusores e operadoras estão tratando da TV aberta agora, precisamos abordar já esse futuro. Encontrar que novos atributos são necessários para a TV competir nas plataforma digitais", disse. "Nosso asset mais fantástico é a capacidade de falar para milhões com eficiência espectral espetacular", finalizou.

3 COMENTÁRIOS

  1. Em relação à Globo ter chegado já em 2010 a todas as cidades com mais de 50 mil habitantes, não passa de uma falácia. Na região de Sorocaba/SP eram várias cidades sem sinal HD na época. Minha cidade, Itu, com 160 mil habitantes, até hoje não possui Globo HD e o desligamento analógico será em 3 meses.

  2. Senti um certo ar de lamentação por parte do representante da Rede Globo. O que me surpreende, visto que foi a própria Globo a maior defensora do modelo japonês de TV Digital (ISDB-T) à época da sua definição pelo Governo Lula.

    Tal modelo não previa um operador de rede, o qual talvez poderia contribuir para levar ao "Brasil profundo" o sinal digital de forma célere e sem maiores gastos e, de quebra, democratizar a TV aberta. Talvez esteja aí, na palavra "democratizar", a razão que levou o Brasil a não debater um padrão próprio de TV digital e ter escolhido o preferido da Rede Globo, que hoje reclama até da falta de interatividade na "nova" TV.

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