A agência de classificação de risco Moody's reafirmou rating corporativo "A-.br" para a Desktop e classificação "A.br" para a 3ª Emissão de Debêntures da companhia. A perspectiva foi revisada de negativa para estável em ambos os casos, mas um risco por conta da concentração de operações da empresa no estado de São Paulo também foi observado.
"Apesar de seu forte crescimento ao longo dos últimos anos, por meio de sua estratégia de crescimento orgânica e inorgânica, a companhia ainda segue apresentando uma menor escala, além de concentração geográfica e de negócios em meio a um mercado fragmentado em que compete diretamente com outras prestadoras de serviço de Internet e grandes operadoras", pontuou o relatório da Moody's sobre a Desktop.
"Sua região de atuação é bem desenvolvida e possui forte demanda por Internet, porém a limitação geográfica pode restringir sua competitividade e aumento de escala no longo prazo", prosseguiu o documento, divulgado ao mercado pela própria Desktop na última sexta-feira, 19.
"Esses fatores, em conjunto a um mercado de atuação altamente fragmentado e competitivo, expõem a companhia a riscos concorrenciais elevados, especialmente quando considerada a concorrência direta de grandes operadoras de telecomunicação", declarou a Moody's. Um desses riscos seria potencial pressão sobre preços, diante da elevada concorrência.
Ainda assim, a agência destacou ser bem-sucedida a estratégia da Desktop de prover serviços de banda larga com fibra óptica em cidades paulistas de pequeno e médio porte. A abordagem resultou na empresa como a maior provedora regional de Internet do estado, nota.
O relatório também apontou que entre 2020 e o início de 2023, a Desktop realizou dez aquisições. Desde então, o foco tem sido direcionado para expansão orgânica, ampliando a operação em cidades adjacentes e com características similares às atuais, além do aumento da taxa de ocupação da rede já constituída.
No geral, a Moody's aponta uma consistente tendência de crescimento de operações e fortalecimento gradual da posição competitiva da operadora, apesar dos riscos apontados.
Ratings
"A revisão da perspectiva dos ratings da Desktop para estável, de negativa, reflete a expectativa de melhora de sua liquidez diante da gestão de passivos em curso, o fortalecimento de sua geração de caixa operacional (CFO) ao longo dos últimos trimestres e a manutenção de uma alavancagem bruta ajustada (dívida bruta/ Ebitda) em níveis adequados para a categoria de rating", afirmou a agência, sobre as novas notas concedidas.
"A ação também incorpora a expectativa de que a companhia seguirá com uma gestão financeira prudente, com manutenção de adequado nível de caixa e cronograma de amortização de dívidas alongado", completou a Moody's.
Vale lembrar que neste mês de julho a Desktop concluiu duas novas emissões de debêntures com prazos de vencimento alongados. A 6ª Emissão de Debêntures totalizou um montante de R$ 625 milhões, com prazo de seis anos e carência de 48 meses; ao passo que a 7ª Emissão foi de R$ 375 milhões, com prazo de sete anos e carência de 60 meses.
"Com os recursos captados por essas duas novas debêntures, esperamos que os pré-pagamentos das 1ª, 3ª e 4ª Emissões de Debêntures ocorram ainda no terceiro trimestre", projetou o relatório da agência de risco.
Já em termos de margem Ebitda, a Moody's aponta que o indicador ajustado atingiu 54% nos últimos 12 meses encerrados em março de 2024, ante uma média de 48% entre 2020 e 2023. "Projetamos que a Companhia será capaz de manter uma sustentabilidade de margens" afirma a agência de risco.