A fornecedora de chipsets Qualcomm não apenas confirmou rumores de que iria realizar milhares de demissões, mas ofereceu um corte maior do que o esperado. A companhia divulgou nesta quarta-feira, 22, que irá promover o corte de pelo menos 15% de seu quadro de funcionários permanentes, o que resultaria em cerca de 4,5 mil demissões. Além disso, afirmou que iria "reduzir significativamente a força de trabalho temporária" e que promoverá uma reestruturação na organização para se recuperar financeiramente.
Isso tudo faz parte do plano de "realinhamento estratégico" da Qualcomm, que pretende reduzir os custos em US$ 1,1 bilhão para o ano fiscal de 2015, além de reduzir adicionais US$ 300 milhões em compensações para acionistas, resultando em um total de US$ 1,4 bilhão em cortes. "A maior parte das economias serão com Opex", afirmou o CEO da empresa, Steve Mollenkopf, durante conferência com analistas. Os custos dessa reestruturação devem ficar entre US$ 350 milhões e US$ 450 milhões.
"Estamos falando com clientes para ver se eles estão confortáveis com isso", declarou Mellankopf. "Estamos tentando reagir ao que está acontecendo na indústria e ficar, consequentemente, saudáveis", completou.
As medidas visam sanar as grandes reduções em receitas e lucros. A companhia enfrentou problemas recente com a competição com a Apple (com o iPhone) e com outros fornecedores como Mediatek na China (onde também enfrentou problemas regulatórios) e na Índia, além de perder um de seus maiores clientes, a Samsung, que optou por usar chipset próprio. Um dos grandes responsáveis foi o processador Snapdragon 810, que enfrentou problemas no desenvolvimento e críticas por supostamente provocar superaquecimento nos dispositivos – a LG até usou o componente no G Flex 2, mas optou por voltar para um processador menos poderoso, mas mais confiável, no G4. Especula-se no mercado que o sucessor, o Snapdragon 820, ainda apresente os mesmos problemas de aquecimento.
Mais medidas
Com isso, a Qualcomm está investigando, junto com conselheiros financeiros, uma revisão da estrutura corporativa da companhia, "incluindo possíveis alternativas de separação de áreas", além de oportunidades de retorno de capital e outras estratégias em potencial e alternativas financeiras. A empresa promete completar essa reavaliação até o final deste ano. "Estamos empolgados com nossos prospectos de crescimento e oportunidades", afirmou Mollenkopf. "Não estamos sacrificando o futuro pelo presente."
O investimento da empresa em pesquisa e desenvolvimento deverá ficar US$ 4 bilhões anuais, mas focará em Internet das Coisas, no mercado automotivo (com conectividade) e em redes de small cells e data centers. A companhia reduzirá investimentos fora das áreas principais de chipsets.
A fornecedora também anunciou novos membros do board de diretores para "trazer talentos e perspectivas que serão de ajuda na implantação do plano de realinhamento estratégico". Outra medida é alterar o programa de compensação para executivos, utilizando uma métrica baseada em desempenho.
Resultado financeiro
As medidas foram anunciadas com a divulgação dos resultados financeiros referentes ao terceiro trimestre do ano fiscal de 2015 (encerrado no dia 28 de junho), que mostraram uma redução de 47% no lucro líquido no comparativo anual, resultando em US$ 1,2 bilhão no período. O lucro operacional também caiu: 40%, fechando junho em US$ 1,2 bilhão. Da mesma forma, as receitas da empresa ficaram em US$ 5,8 bilhões, redução de 14%.
A companhia abasteceu o mercado no período com entre 289 milhões e 293 milhões de aparelhos 3G e 4G, tendo vendido US$ 60,4 bilhões, aumento de 4% em relação ao mesmo período de 2014.
