Mais da metade das prestadoras de banda larga fixa no Brasil não enviaram dados de acessos à Anatel ao longo de 2024. A informação faz parte de um estudo apresentado pela Associação Neo à Anatel. O material analisou a dimensão do mercado de ISPs brasileiros e das subnotificações de acessos à agência reguladora brasileira.
Segundo o levantamento, conduzido pela consultoria Telco Advisors, o País tem atualmente 22.093 prestadoras habilitadas a oferecer o serviço. No entanto, 11.697 dessas empresas (ou 53%) não reportaram nenhum dado de acesso entre janeiro e dezembro de 2024.
No Brasil, as provedoras de serviços de telecom devem enviar à Anatel informações sobre a base de assinantes que elas possuem. A coleta de dados é feita de forma digital pelas próprias companhias. Esse material é atualizado mensalmente e é disponibilizado ao público pela agência.
A partir dessa informação, órgãos reguladores podem acompanhar e estudar a evolução da conectividade no País. Além disso, veículos de imprensa (como o TELETIME) também usam esses dados de forma jornalística.
Subnotificação
"Nosso objetivo com este estudo foi trazer luz a um problema estrutural. A busca por soluções para este tema tão importante implica em um esforço coletivo e ações coordenadas", afirmou o presidente-executivo da Neo, Rodrigo Schuch. Segundo ele, a entidade compartilha o relatório com a Anatel e demais interessados do setor.
O documento também destaca que apenas 5.951 prestadoras (26,9%) enviaram dados à Anatel em todos os meses de 2024 e início de 2025. Essas operadoras representaram 95,4% de todos os acessos oficiais registrados em fevereiro de 2025, segundo dados da própria agência.
Entre as justificativas, a Neo ressalta que nem toda subnotificação ocorre por omissão intencional. "É fundamental reconhecer que há uma série de fatores técnicos, estruturais e operacionais que dificultam o cumprimento das obrigações por parte de algumas empresas. Precisamos olhar para isso com responsabilidade", disse Schuch.
Unidades federativas
O estudo também analisou quais são as unidades federativas com mais empresas que enviam os dados de forma completa e correta. Proporcionalmente falando, o Rio Grande do Sul é líder nesse quesito. Por lá, 36,3% das operadoras com sede no estado reportaram acessos em todos os meses entre janeiro de 2024 e janeiro de 2025.
O pódio é dominado pelo restante dos estados do Sul, com Santa Catarina e Paraná com índices empatados em 35,5%. Roraima e Mato Grosso completam o top 5, com 34% cada. Os piores colocados foram Tocantins (13,9%), Amazonas (11,4%) e Amapá (9,4%).
Para a associação, a ausência de dados prejudica a visibilidade real do setor, dificulta a formulação de políticas públicas e gera distorções concorrenciais. "A subnotificação e suas causas geram preocupações significativas às empresas que atuam de forma regular, comprometidas com a legislação vigente, os padrões técnicos exigidos e a prestação de serviços de qualidade à população", afirma o estudo.
