Reforço em políticas públicas pode impulsionar mercado espacial brasileiro

Base de lançamento de foguetes em Alcântara, no Maranhão. Foto: AEB

O reforço nas políticas públicas e o apoio à indústria são dois aspectos a serem trabalhados para impulsionar o mercado brasileiro espacial e de satélites. A análise foi feita por empresas e institutos de pesquisa durante debates realizados nesta semana no evento SpaceBR Show, em São Paulo.

Do lado das empresas, é vista necessidade de apoio para fomentar a indústria e para desburocratizar o setor. Segundo Juliano Lazaro, gerente comercial da Orbital Engenharia, companhia que atua no desenvolvimento de tecnologias nas áreas de defesa e espaço, as missões espaciais tradicionais são de longa duração e alto custo. Somado a esses fatores, a ausência de demanda dificulta o aporte privado.

"Embora exista uma facilidade de acesso ao mercado privado na construção dos satélites, ainda há uma grande dependência do governo, que é o grande responsável para a evolução espacial, sobretudo no Brasil", diz Lazaro.

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Ele ressalta que o surgimento de empresários como Richard Branson e Elon Musk, donos de Virgin Orbit e SpaceX, respectivamente, seria desdobramento de investimento público em anos anteriores realizados pelos países desenvolvidos, como os Estados Unidos.

Para Arthur Durigan, coordenador de negócios da Innospace, startup sul-coreana fabricante de veículos de lançamento, além das empresas lançadoras de veículos espaciais e satélites, as companhias que fornecem produtos ou serviços para este mercado também serão beneficiadas, criando uma espécie de 'efeito dominó' positivo.

"O crescimento do segmento traz um 'arrasto tecnológico' enorme para os demais players envolvidos no ecossistema. Todas as empresas que estão associadas com o ambiente do mercado de lançamentos também, de alguma forma, têm oportunidades", diz Durigan.

O porta-voz da Innospace diz, também, que a tecnologia dos veículos lançadores é afetada por regulações, a exemplo do Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis (MCTR, na sigla em inglês). Isso impede, por exemplo, que os veículos sejam 100% desenvolvidos no Brasil. No futuro, porém, a ideia é ter ao menos parte dos foguetes desenvolvidos em território brasileiro.

Ainda, Durigan também se posicionou favorável ao apoio do estado em projetos do setor. "Como o governo sul-coreano auxiliou esse desenvolvimento da empresa? Fazendo algumas encomendas. Não é que houve investimento do governo coreano, e sim encomendas para desenvolver algumas tecnologias específicas que eram de interesse do governo e também da empresa", disse.

Vale lembrar que, em março de 2023, a Força Aérea Brasileira (FAB) teve a Innospace como parceira no lançamento do foguete HANBIT-TLV no Centro Espacial de Alcântara (CLA), no Maranhão. Esta foi a primeira operação comercial do centro.

Novo status para AEB

Já para o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Clezio Marcos de Nardin, a Agência Espacial Brasileira (AEB) deveria ter maior relevância na estrutura do governo federal. Hoje, a Agência é uma autarquia vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).

"A agência não deveria ficar no local que ela está, pois não tem governança sobre todo o programa espacial. É um importante órgão do País, mas que se encontra sublocalizada", afirmou Nardin.

Na ocasião, o INPE também detalhou iniciativas das quais fez parte: o satélite ITASAT-1, lançado em 2018 e voltado a treinamento de operadores e calibração de estações de instituições parceiras, e o ITASAT-2, constelação de três satélites que está em fase de construção para possibilitar a identificação de embarcações clandestinas por meio de geolocalização.

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