Engana-se quem pensa que a competição é uma unanimidade para o pleno desenvolvimento do mercado, com bons preços para o consumidor e estímulo para o investimento das empresas para se sobressaírem sobre os concorrentes.
Para os analistas do mercado financeiro, a competição é um fator que tem impedido o crescimento do investimento das empresas de telecomunicações. "Boa parte dos planos de investimento é maior que no ano passado. Poderiam ser maiores? Talvez. Se tivesse menos carga tributária, menos competição etc.", afirma o analista do BTG Pactual, Carlos Sequeira.
A competição acirrada, além de afugentar investimento no mercado, torna as empresas de telecom menos atrativas aos olhos dos investidores. O analista do Santander, Valder Nogueira, diz que o Brasil teve um "mantra excessivo de competição", que tem atrapalhado os investimentos. "Por mais que os preços dos equipamentos tenham caído, ainda é muito dinheiro que você tem que colocar", observa.
Esse cenário é agravado pelo fato de que, segundo ele, dos 260 milhões de clientes da telefonia móvel a receita gerada vem de apenas cerca de 20% deles. Outra questão levantada por Nogueira tem relação com a própria natureza do negócio. "Não é querer dar retorno excessivo para os acionistas, mas é um setor que de uma hora para outra, a sua base de receita pode desaparecer. As empresas são obrigadas a ter um balanço financeiro mais folgado para enfrentar essa questão tecnológica", diz ele.