Red Hat vê adoção do Open RAN como questão de tempo

Para a fornecedora de soluções open source Red Hat, a adoção pelas operadoras de telecom de redes de acessos abertas e desagregadas (Open RAN) é uma questão de tempo que será acelerada por mudanças culturais já em curso no setor.

A avaliação é do head de telecomunicações, mídia e entretenimento da Red Hat para América Latina, Alejandro Raffaele. Em conversa com TELETIME, o executivo apontou a necessidade de um "processo prévio" para sucesso na abordagem. "Antes de entrar de fato na solução de Open RAN, a operadora tem que criar uma plataforma unificada de suporte para as novas soluções. Sem ela, haverá dificuldades de suporte, operação e custo", afirmou.

"É uma questão de tempo curto. Isso não vai demorar cinco ou seis anos: estamos falando de 18 ou 24 meses para definir essa plataforma, e acima disso vem o resto. A parte cultural e de estrutura operativa é a mais difícil, então tem que começar por esse trabalho cultural".

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Neste sentido, a própria Red Hat tem atuado na certificação de profissionais de engenharia das operadoras. O apoio na transição de "um mundo vertical para um horizontal" e com grande papel da nuvem é necessário para que as empresas consigam manter por conta própria a infraestrutura com múltiplos fornecedores, entende Raffaele.

Recentemente, operadoras regionais que venceram o leilão de 5G apontaram que a adoção do Open RAN ainda não está nos planos, visto a complexidade que pode acompanhar o uso do novo padrão. Em paralelo, a avaliação do governo é que o uso da abordagem aberta pode criar um mercado bilionário no Brasil, sobretudo na cadeia de software.

Edge

Outro fator que pode ampliar a familiaridade com o Open RAN é o uso de soluções open source em outras frentes da operação das prestadoras de serviços, como a infraestrutura de edge computing. Segundo Raffaele, os investimentos nos novos data centers dificilmente se valerão de tecnologia proprietária, preferindo assim abordagem aberta com múltiplos parceiros já comum no universo de TI.

"Se montar edge sobre software proprietário, as barreiras de entrada ficam muito altas para integração e licenciamento de novos fornecedores de ferramentas e aplicações. O modelo de negócios fica quase inviável. Se pensar a nuvem pública, Amazon, Google e Microsoft estão conectadas 100% open source, pelo modelo de negócios", afirma o head da fornecedora de software.

No momento, a Red Hat está revisando a arquitetura de redes ao lado de operadoras que planejam investimentos em infraestrutura edge no Brasil. Fora do País, a empresa já começa a reportar casos de uso operacionais que utilizam soluções da fornecedora, inclusive nos segmentos de saúde e cidades inteligentes.

Com a consolidação das redes 5G, a expectativa é que mais casos de uso se tornem possíveis – inclusive alguns que ainda serão concebidos. "Já temos ideia de algumas aplicações hoje, mas no médio prazo isso vai virar algo mais rico e profundo", afirmou Raffaele.

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