Com o avanço da tecnologia wireless, muitas pequenas empresas passaram a demandar a gestão dos pontos de rede nos negócios. Foi assim que os jovens Bruno Guimarães (CEO), Matheus Younes, Mateus Rieg, e Matheus Faria viram a oportunidade para fundar a WiFeed, uma plataforma para gestão inteligente de hotspots Wi-Fi criada em Florianópolis (SC).
A ideia nasceu quando três dos quatro sócios ainda estavam na faculdade, em 2016, mas só saiu do papel após uma rodada de investimento anjo, já em em 2019. No início, o negócio estava focado exclusivamente em pequenas empresas de comércio e serviços, como bares, cafés e supermercados.
Com um conhecimento mais apurado do mercado de telecom, o CEO explica que os sócios resolveram pivotar o negócio, ampliando o leque de parceiros e os canais de venda. "Nós tínhamos um problema: éramos uma empresa de software que dependia de um hardware, de uma infraestrutura de rede (os access points, como Wi-Fi e roteadores) para funcionar. E muitas vezes o cara não tinha essa infraestrutura", conta Guimarães.
A solução veio de uma parceria firmada em 2021, em que a Algar Telecom passou a comercializar o software, enquanto a Intelbras ficou responsável pela entrega e instalação do hardware. Assim, a WiFeed começou a operar em um modelo B2B2B, em que os provedores e operadoras fazem a ponte com as pequenas e médias empresas (PMEs).
Atualmente, a startup atende operadoras relevantes, a exemplo de Vivo, Vero e a própria Algar, além de 502 ISPs, com 168 adicionados à base apenas em 2024 (crescimento de 50,2% no período). Para 2025, a meta é ter uma carteira com pelo menos 750 provedores. Além desses players, a companhia está presente em mais de 10 mil locais espalhados pelo Brasil, a exemplo de shoppings, cafés, praças, parques e ruas, entre outros.
Para o executivo, a parceria é uma forma de permitir que as pequenas companhias de telecom possam entregar algo a mais na ponta. "Para o provedor, esse modelo ajuda a elevar o seu tíquete médio, a trazer um diferencial para o cliente. E esse diferencial faz com que ele fidelize esse cliente por mais tempo. Se ele tem uma rede Wi-Fi de qualidade que está gerando valor em outras áreas, é mais difícil trocar de provedor porque ele não está só comprando links, mas também algo a mais", afirma.
Sustentabilidade financeira
No negócio da WiFeed, além da revenda via ISPs, o hotspot do Wi-Fi pode ser usado pelos clientes para conhecer melhor os usuários na ponta e implementar estratégias de marketing.
Em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), as empresas solicitam informações dos consumidores, como nome, idade, e-mail, telefone e gênero, antes de habilitar o acesso à conexão. É uma maneira de gerar leads mais qualificados, de baixo custo e alinhados às estratégias de branding, ressalta o CEO.
O passo seguinte é impactar esse usuário com uma campanha de marketing para a venda de produtos. Dependendo do nível de interação, é possível rever ou mesmo ampliar a estratégia. E o usuário fica livre para navegar na rede, mesmo quando não deseja fornecer seus dados.
No momento, a WiFeed não busca novos investidores para escalar seus serviços, ainda que a ideia não esteja fora do radar – a companhia atingiu o breakeven em setembro de 2023. O último cheque captado veio um ano antes, de R$ 800 mil, junto à Bossa Invest (antiga Bossanova Investimentos), uma firma de venture capital com mais de 1,5 mil startups no portfólio, a exemplo de Agenda Edu, Medei e Melhor Envio.
Mesmo assim, o entendimento é que ainda há bastante espaço para ganhar terreno. "A gente quer crescer ainda bastante dentro do mercado de ISPs. Atualmente, há pelo menos 12 mil provedores que são registrados na Anatel. Queremos realmente ajudá-los a serem parceiros de tecnologia das empresas, para que elas possam ser mais inteligentes e se conectar melhor com os clientes na ponta."