Para ajudar grandes empresas de diferentes indústrias a lidarem com as crises climáticas e os desastres naturais, a espanhola Worldsensing aposta no monitoramento de infraestruturas críticas em áreas remotas com o auxílio de dispositivos embarcados com Internet das Coisas (IoT).
Fundada em 2008 na cidade de Barcelona (Espanha), a companhia ganhou maior tração a partir de 2015, quando catástrofes envolvendo mineradoras, deslizamentos de encostas e calamidades naturais passaram a ser mais recorrentes. Além de mineração, sua presença no Brasil envolve segmentos como ferrovias, rodovias, portos e usinas hidrelétricas.
De acordo com Leonardo Vidigal, channel account manager da empresa no País, muitas operações ainda usam o monitoramento manual, por meio de inspeções. No entanto, ele acredita que acidentes, como ocorrido nos últimos anos junto a mineradoras, trouxeram outro olhar e maturidade para o mercado.
"Vimos alguns acidentes sérios aqui no Brasil e em outros lugares do mundo também, mas há uma grande tendência de mudança. Temos notado essa ação em relação à importância do monitoramento por parte do cliente final e, com a evolução das soluções, também percebemos que a viabilidade dos projetos tem se tornado mais fácil", afirma o executivo.
No monitoramento de áreas amplas e remotas, a Worldsensing conta com tecnologias como LoRa e LPWAN, caracterizadas pelo baixo consumo de energia e pela capacidade de transmissão de dados em longas distâncias, em redes privadas.
A partir desse acompanhamento, alertas são enviados para plataformas de cloud ou sistemas privados dos usuários, que passam a ter as informações sobre as infraestruturas em um software que gera a visualização e a análise dos dados. Mais adiante, as informações produzidas pelos sensores são combinadas em um algoritmo, para entender se um alerta representa um risco real ou se é apenas algo pontual.
Atualmente, o maior mercado da companhia é a mineração. Neste sentido, uma demanda comum para o uso dos sensores é em projetos de detecção de barragens. "Hoje, toda operação na mineração precisa ter um sistema que detecte o rompimento e que faça o acionamento de alerta em massa de forma automática", conta Vidigal.
Com um tempo de resposta inferior a um segundo, a tecnologia pode emitir um alerta para a evacuação dos colaboradores do site, caso necessário.
'Evangelização'
Com esses passos, a Worldsensing obteve um crescimento da ordem de 45% entre 2015 e 2019 – hoje, o avanço gira em torno de 25% a 30% ao ano. Esse patamar de expansão é do mesmo nível de empresas mais maduras de instrumentação, responsáveis pela fabricação dos sensores, segundo o executivo.
Na carteira atual, estão mineradoras de peso, como Vale, Samarco, AngloGold Ashanti, Anglo American, Mosaic Brasil, MRN e Equinox Gold, por exemplo. Já entre as companhias de logística, constam no portfólio nomes como Rumo, MRS e a própria Vale, enquanto CTG, Ceran, Baesa e CPFL aparecem entre as principais hidrelétricas.
"Obviamente, manter esse ritmo [crescimento de 25% a 30%] não é algo fácil, principalmente porque o mercado vai criando uma certa maturidade. Até por isso, começamos a abrir outros mercados para manter o nosso ritmo de crescimento", afirma Vidigal. Entre os setores incipientes a serem mais explorados no Brasil nos próximos anos, estão metrôs, fazendas eólicas e aeroportos.
Para o executivo, a expansão depende da "evangelização" das empresas na ponta sobre a importância do sensoriamento nas instalações. "O nosso é um mercado que tem a necessidade de conscientização do cliente final. Ele é o ponto mais importante porque, infelizmente, o mercado de monitoramento geotécnico e geostrutural só cresceu no Brasil após os acidentes que ocorreram nos últimos anos", avalia ele.
A Worldsensing está presente em mais de 70 países, alguns deles na América Latina, como Chile, Peru, Colômbia, Costa Rica, Equador e Panamá, além do Brasil. De acordo com a plataforma de dados Crunchbase, o captable de investidores tem nomes como McRock Capital, ETF Partners, o Banco Europeu de Investimento e o Cisco Investments, braço de venture capital da Cisco.