O maior ponto de troca de tráfego do Brasil, o PTT de São Paulo, ultrapassou na quinta-feira, 20, a marca de 10 Tbps. O recorde histórico, registrado pelo IX.br, significa que o ponto paulista ainda centraliza cerca de 75% do total trafegado agregado na entidade – atualmente o total está na casa dos 13.52 Tbps. O IX.br é projeto do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), coordenado pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR, e é por onde passa grande parte do tráfego da Internet brasileira
Conforme explicou ao TELETIME o gerente de infraestrutura do IX.br, Júlio Sirota, trata-se de uma marca histórica, mas é resultado de um crescimento natural depois do crescimento mais acentuado (de 15%) no início do período de isolamento pela pandemia. "Depois, em um mês e meio a dois meses, a gente percebeu pelo perfil da curva aqui em São Paulo, principalmente o uso de dia e à noite, que havia retornado à situação pré-pandemia", afirma.
O IX.br registrou maior procura por conectividade por parte dos provedores de acesso (ISPs) e de conteúdo (como serviços de streaming), o que resultou em crescimento contínuo. A entidade não consegue distinguir exatamente as empresas que solicitaram maior troca de tráfego, mas Sirota afirma que entre 60% e 70% dos dados são de conteúdo de vídeo. No caso dos ISPs, houve uma busca pela melhoria da conectividade, com maior redundância e opções de conteúdo.
Concentração
O fato de o PTT de São Paulo concentrar três quartos do total do IX.br não é necessariamente algo desejado. A entidade tem buscado trabalhar forte na promoção de outros pontos, como do Rio de Janeiro, que chegou a 1,82 Tbps, e o de Fortaleza, que atualmente é o terceiro maior, com 760,85 Gbps. No caso da capital cearense, é um local estratégico por abrigar conexão a cabos submarinos e pela proximidade com o Caribe, América Central e Europa. "Boa parte dos provedores do Norte e Nordeste estão buscando conteúdo lá", afirma Sirota.
Só que reduzir a concentração na capital paulista depende dos demais atores. "A gente procura diminuir a concentração em São Paulo, mas sempre tem novos ISPs e provedores de conteúdo querendo se conectar aqui", diz.
Plataformas novas de streaming, como o Disney+ (com lançamento previsto para 17 de novembro no Brasil), também podem trazer impacto, embora o coordenador do IX.br acredite que exista ainda muita migração de acessos entre serviços, e não demanda nova. Ainda assim, ele declara: "A gente já tem algumas CDNs [redes de distribuição de conteúdo] e empresas já solicitando aumento de capacidade, já se preparando para isso."