Câmbio, custo-Brasil e logística prejudicam o setor, dizem fornecedors

O câmbio, o custo-Brasil e problemas de logística parecem ter sido os principais vilões para a queda das exportações do setor de telecomunicações no primeiro semestre deste ano. Por um lado, o dólar desvalorizou 10,81% em relação ao real, nos cinco primeiros meses, o que dificultou a concorrência de produtos nacionais com os de outros países. Por outro, o custo-Brasil – isto é, os custos ligados à mão-de-obra, água, energia, tributação e, principalmente, sistema de transporte e segurança – subiu cerca de 30% nos últimos dois anos, calculam economistas, acabando com qualquer possibilidade de compensação cambial.
A situação chegou a tal ponto, que a Nokia Siemens enviou produtos da Europa para o Chile, porque ficava 6% mais barato atravessar o Atlântico do que mandar os produtos do Brasil para o país vizinho, conta o chairman da Nokia Siemens, Aluisio Byrro, em reportagem sobre o tema à revista TELETIME que circula em agosto. A falta de infra-estrutura logística é um dos principais entraves, neste caso. A discussão é antiga e envolve disponibilidade de vôos, armazenamento e liberação de matéria-prima.
Para Almir Narcizo, presidente da Nokia do Brasil, empresa desvinculada da Siemens e responsável por devices (incluindo celulares), há uma grande diferença entre produzir e exportar a partir de Manaus ou de São Paulo, por exemplo. Pior ainda quando se compara com México e China, que são muito voltados à exportação. O aeroporto de Viracopos tem vôos diários para qualquer país da América Latina; em Manaus os vôos para exportação são semanais. Desta forma, quando a empresa perde um vôo, tem que esperar uma semana até que haja outro. ?É um gargalo enorme?, reclama o executivo.

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Narciso destaca ainda que o armazenamento de matéria-prima é complicado, a liberação é demorada, o que piora ainda mais quando há uma greve, como recentemente dos fiscais agropecuários. Neste caso, as exportações param totalmente. ?É impossível ser um País exportador com greves. A última greve da receita federal da alfândega no México foi na década de 50. O Brasil tem greves anuais?, argumentou.
A Nokia registrou um nível recorde de exportação em 2005 que foi uma exceção, segundo Narcizo. ?Exportamos US$ 1 bilhão no momento que a Nokia no Brasil atravessava uma crise. Nós perdemos market share, naquele ano. E em 2006 nós recuperamos a liderança. Quando a crise foi superada, a fábrica voltou a ser eminentemente brasileira com volume de exportações variando de 10% a 30%, que é um volume ótimo de produção. É o que estamos fazendo hoje. Não tem nada de muito diferente do que ela foi projetada para ser: 70% para o mercado brasileiro e 30% para exportação.?
Mas o presidente da Nokia destaca que se o valor em dólar caiu, o mesmo não aconteceu com o volume de unidades exportado. O preço do telefone tem diminuído de 15% a 20% anualmente, e isto tem aumentado a escala. No trimestre passado, a empresa vendeu 101 milhões de aparelhos, mundialmente, volume que há alguns anos era a venda do ano.

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