A HughesNet diz que o programa WiFi Brasil, do Ministério das Comunicações, não trouxe ainda impactos concorrenciais significativos para as operações da empresa, que também tem um modelo comercial de oferta de WiFi comunitário conectado via satélite em localidades de menor renda. Segundo Rafael Guimarães, CEO da empresa, o projeto de WiFi comunitário da Hughes segue ativo, com cerca de 800 pontos e uma expansão de cerca de 20 por mês, mas há dificuldades. Além da dificuldade econômica de viabilizar os projetos, em muitas localidades existem provedores locais de fibra que não estão identificados ou mapeados pela Anatel, o que torna a prospecção de mercado mais desafiadora.
"Eu acho que o programa WiFi Brasil poderia ser oferecido também em parceria com a iniciativa privada. Temos certeza de que o governo poderia pagar muito menos do que paga (à Telebrás) se abrisse para outras ofertas. Poderia pagar muito mais barato pelo mesmo serviço, ou pedira fazer muito mais com o mesmo recurso. É uma oportunidade de estimular o mercado", diz Guimarães, que lembra que no passado o governo chegou inclusive a sinalizar com a possibilidade de desoneração de ICMS que hoje beneficia o Gesac para operações comerciais com o mesmo propósito, o que nunca aconteceu. Houve, sim, reconhece Guimarães, a bem vinda desoneração do Fistel, mas é algo que se aplica a todas as operações via satélite e não apenas aos serviços dedicados às comunidades de baixa renda. "O Gesac tem um incentivo fiscal e tem recursos públicos. Nossa atividade é de risco, comercial".
Ele lembra que hoje o mercado de banda larga via satélite em banda Ka já é muito mais maduro, não só com a atuação da HughesNet, mas com outros satélites como os da Hispamar, StarOne D2 (a ser lançado este mês) e da SES (que será lançado no ano que vem).
O WiFi Brasil é um programa do Ministério das Comunicações que tem recebido muita atenção do ministro Fábio Faria e que tem como objetivo conectar gratuitamente localidades de baixa renda e sem Internet com uma conexão via satélite e uma rede wifi local compartilhada. O programa é, na verdade, uma adaptação do Gesac (Programa Governo Eletrônico Atendimento ao Cidadão), que existe desde 2003 e que tem a Telebrás como a provedora de tecnologia e conectividade, por meio do SGDC. O Minicom já sinalizou que pretende ampliar o Gesac para poder ampliar o WiFi Brasil e chegou a fazer uma cotação junto ao mercado, mas aparentemente optou pela estatal de telecomunicações. Este noticiário ainda aguarda o posicionamento do ministério sobre o processo de ampliação do Gesac.