Países do BRICS assinam declaração para governança comum de dados

Foto: MDIC

Ministros de Comércio do BRICS assinaram nesta quarta-feira, 21, declaração conjunta em que reforçam o compromisso com o fortalecimento de uma Governança de Economia de Dados entre os países que integram o bloco econômico.

Na declaração, os países reconhecem que os dados são um ativo estratégico, essencial para a formulação de políticas, inovação nos setores público e privado, eficiência produtiva, criação de empregos e gestão de desempenho, criando novas oportunidades empreendedoras para empresas e indivíduos. Os representantes dos países dos BRICS também entendem que cada vez mais os dados desempenham um papel mais importante no desenvolvimento inovador e na governança pública, incluindo a infraestrutura pública digital (IPD).

Mas o grupo reconhece que falta um consenso internacional básico sobre os principais aspectos do seu impacto econômico, bem como informações estatísticas sobre os fluxos de dados. E na tentativa de permitir que os países em desenvolvimento aproveitem os benefícios da economia digital, uma abordagem aberta, inclusiva, segura, cooperativa, não discriminatória, justa e equitativa seria fundamental.

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Nesse sentido, os países assinaram um entendimento que aponta um roteiro para alavancar a economia de dados nos BRICS para promover o acesso seguro à tecnologia, salvaguardar os interesses individuais e nacionais, promover a digitalização da indústria e dos serviços e a expansão do comércio intra-BRICS.

O documento assinado nesta quarta-feira, 21, aponta para os seguintes objetivos:

  1. Promover uma economia de dados justa, segura, aberta, inclusiva, cooperativa e não discriminatória entre os países do BRICS.
  2. Garantir a soberania dos dados, facilitando, ao mesmo tempo, fluxos transfronteiriços de dados eficientes, eficazes, seguros e confiáveis, em conformidade com as estruturas nacionais.
  3. Alavancar as capacidades dos institutos nacionais de estatística e das partes interessadas relevantes em metodologias para capturar o valor dos dados nas estimativas das contas nacionais.
  4. Envolver os institutos nacionais de estatística nos esforços para aprimorar a mensuração dos fluxos de dados, inclusive por meio da exploração de uma taxonomia comum, e desenvolver indicadores para a economia de dados.
  5. Explorar práticas regulatórias comuns em relação às políticas de comércio e concorrência para a economia baseada em dados e estudar o impacto de diferentes práticas regulatórias sobre soberania digital, bem como desenvolvimento econômico.
  6. Fortalecer o papel central dos governos na gestão de dados de alta qualidade por meio de infraestruturas públicas digitais para fins de políticas públicas e explorar mecanismos de compartilhamento com o setor privado, em conformidade com os marcos legais nacionais.
  7. Salvaguardar a privacidade individual, a proteção de dados pessoais e o uso ético de dados pessoais e não pessoais.
  8. Aprimorar a cooperação em infraestrutura digital, respeitando as leis e regulamentações nacionais sobre proteção de dados pessoais, para apoiar modelos de negócios inovadores, como espaços de dados confiáveis, plataformas digitais locais, mercados de dados, trocas de dados, entre outros.
  9. Apoiar a transformação digital da indústria, comércio, serviços e o desenvolvimento econômico sustentável por meio de recursos tecnológicos baseados em dados.
  10. Reconhecer a importância da transmissão eletrônica transfronteiriça segura de dados, em conformidade com as regulamentações nacionais, para fomentar o comércio eletrônico e o comércio digital como motores do crescimento econômico e do desenvolvimento sustentável.

Já como princípios orientadores, os países assinalam para:

  1. Governança Soberana de Dados – Cada nação BRICS retém o direito de possuir e regular dados, ao mesmo tempo em que permite fluxos de dados transfronteiriços seguros, protegidos, eficientes, eficazes e confiáveis, sob estruturas mutuamente acordadas.
  2. Acesso Justo e Equitativo – Incentivar o acesso justo e equitativo a dados e recursos baseados em dados, garantindo a inclusão e o compartilhamento de benefícios para empresas, empreendedores, empresas nacionais, micro, pequenas e médias empresas (MPMEs), bem como áreas remotas e rurais, em conformidade com as estruturas legais nacionais.
  3. Interoperabilidade, Portabilidade e Padronização – Promover o reconhecimento mútuo de padrões em dados e metadados, promovendo a interoperabilidade das estruturas de governança e a portabilidade de dados sempre que possível, sujeita às estruturas regulatórias nacionais.
  4. Transparência e Responsabilidade – Incentivar mecanismos de governança transparentes e a responsabilização de todas as partes interessadas na coleta, processamento, transferência, tratamento e uso de dados, em conformidade com as leis e regulamentações nacionais.
  5. Transformação Digital Centrada nas Pessoas – Promover a transformação digital centrada nas pessoas, inclusive por meio de infraestruturas públicas digitais, levando em consideração os aspectos éticos e a sustentabilidade, como parte de transformações digitais e verdes mutuamente solidárias.
  6. Benefícios Compartilhados, Inclusão e Desenvolvimento – Garantir que diferentes regiões, indústrias e grupos sociais em cada país do BRICS possam participar e se beneficiar do desenvolvimento da economia digital de forma igualitária, contribuindo assim para reduzir as desigualdades digitais.

O documento também aponta para mecanismos de para Transformação Digital e Fluxos Transfronteiriços de Dados; portabilidade de dados; concorrência e infraestrutura pública digital.

Ele cria ainda, uma Sessão Anual sobre Economia de Dados dos BRICS, que será realizada de acordo com o calendário do Grupo de Trabalho sobre Economia Digital (DEWG) para avaliar o progresso, enfrentar desafios e explorar oportunidades emergentes na economia de dados.

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