Um levantamento realizado entre os sites ativos na Internet brasileira constatou que menos de 1% deles cumprem todos os requisitos necessários para uma boa navegação entre pessoas com algum tipo de deficiência. O resultado é fruto de um trabalho realizado pelo Movimento Web Para Todos e pela BigDataCorp, com apoio do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).
A metodologia criada para a análise tomou quatro fatores considerados essenciais para a navegação de pessoas com deficiência. Apenas 0,74% dos sites analisados na varredura cumpriram todos os requisitos, com 99,2% falhando em pelo menos uma das métricas. O resultado foi um pouco melhor que o registrado em 2019, quando 0,61% dos sites brasileiros passaram em todos os testes.
Por outro lado, se no ano passado 5,6% dos sites analisados falharam em todas as métricas, em 2020, o percentual caiu para 0,01%. Para os organizadores do estudo, o número mostra que há um esforço de acessibilidade ganhando força na Internet.
Entre os quesitos analisados estão a presença de descrição e da estrutura correta para imagens, a disponibilização de formulários de forma adequada, a verificação do formato dos links e a presença, nos sites, do validador W3C, que engloba uma série de requisitos importantes para a acessibilidade.
Governos e comércio
Entre os sites de governos, também houve uma melhora em relação a 2019, mas ainda distante do cenário ideal: em 2020, 96,7% dos portais analisados apresentaram falha em algum dos quesitos, indicando que 3,2% foram aprovados em todos eles. Na edição anterior do estudo, 99,6% dos portais governamentais falharam em todas os testes.
Pelo menos uma falha também foi encontrada em 96,12% dos sites de educação analisados e em 96,9% dos sites de notícias. Já nos portais de e-commerce, 98,7% não cumpriam pelo menos um dos requisitos. Os segmentos de compras coletivas e de suplementos alimentares se destacaram negativamente, com 100% dos sites falhando em todos os testes; já entre os serviços de streaming, o percentual ficou em 98,5%, ou a melhor marca para a categoria.
Incentivos
Idealizadora do Movimento Web Para Todos, Simone Freire lamentou que a maior parte das empresas não siga o artigo 63 da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI), que traz a obrigatoriedade da acessibilidade nos sites brasileiros; segundo ela, a instituição de multa para casos de infração é necessária para incentivar o cumprimento.
Freire também defendeu que plataformas como o Google passem a ranquear positivamente sites em conformidade com as necessidades das pessoas com deficiência, em movimento similar ao empreendido pela plataforma frente os portais responsivos em plataformas mobile. Vale destacar que o Dia Global de Conscientização sobre Acessibilidade é celebrado nesta quinta-feira, 21.