WBA defende Wi-Fi e rede móvel convergentes, e não concorrentes

Tiago Rodrigues, da WBA

Organização global que promove padrões interoperáveis para o Wi-Fi, a Wireless Broadband Alliance (WBA) acredita que a tecnologia não deve ser vista como concorrente das redes móveis, e sim como um elemento convergente.

A visão foi compartilhada pelo CEO da WBA, Tiago Rodrigues, em entrevista concedida ao TELETIME nesta semana. Segundo o executivo, a convergência entre o Wi-Fi e futuras redes 6G será um dos principais temas defendidos pela aliança no Mobile World Congress deste ano (MWC 2025), marcado para o próximo mês em Barcelona (Espanha).

"No nosso ponto de vista, qualquer tecnologia wireless deve ter uma integração simples e barata com o 6G", defendeu Rodrigues, mencionando não apenas o Wi-Fi, mas também a convergência com redes baseadas em satélites ou para Internet das Coisas (IoT).

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Neste sentido, a entidade vem trabalhando em especificações que habilitem tal integração. As propostas (parte delas já abordadas por TELETIME) serão defendidas no âmbito dos debates da 3GPP, consórcio global que desenvolve os padrões para as redes móveis e que tem trabalhado nas definições técnicas do 6G.

Segundo o CEO da WBA, o momento pode ser oportuno à convergência porque as próprias operadoras móveis começam a perceber que avanços são necessários para a entrega efetiva de velocidades multi gigabit em certos cenários. Apesar das promessas do 5G, tais níveis de serviço em ambientes indoor ou em áreas super densas ainda exigem "investimentos super elevados", exemplifica.

"Algumas operadoras já têm uma visão mais flexível sobre tecnologias wireless. Do lado contrário, há muitas operadoras que ainda olham como ameaça, mas acho que deve haver uma mudança de paradigma. Não é uma competição entre tecnologias, mas uma oportunidade enorme para de dizer: não se preocupe, vou sempre te dar a melhor conectividade que existe, seja 5G, satélite, ou Wi-Fi".

Open Roaming

Segundo Rodrigues, um componente essencial para que a convergência entre tecnologias funcione é uma experiência automática na conexão de usuários às redes Wi-Fi. O executivo afirma que a dinâmica manual de seleção de rede e inserção de senha precisa ser repensada no cenário convergente. "A ligação automática é um pilar fundamental".

Para tal, a WBA tem trabalhado na execução do Open Roaming, que visa criar uma experiência de Wi-Fi contínua e interoperável, com autenticação aprimorada que dispense logins manuais. A própria MWC 2025 deve contar com o recurso, a partir de iniciativa da Fira Barcelona (local que recebe o evento) e da fornecedora Cisco.

A WBA relata que Estados Unidos, Japão e países da Europa têm avançado rapidamente na adoção do Open Roaming. No Brasil, há alguns primeiros casos de uso, como no Aeroporto de Guarulhos e no Autódromo de Interlagos (veja no mapa abaixo). "Esperamos que o Open Roaming continue a evoluir e ganhe vários tipos de adoção, como hotéis, hospitais e outros", relatou Rodrigues.

Ativações do Open Roaming no mundo. Fonte: WBA

"Agora, nossa agenda regulatória está muito focada no componente de segurança, para transformar a ideia que muitos têm do Wi-Fi inseguro. Queremos mostrar que existem mecanismos de grande sucesso que permitem o Wi-Fi tão ou mais seguro que a rede celular, com identificador único por usuário e toda troca de informações totalmente encriptada", completou o CEO da WBA.

No Brasil, quem já manifestou interesse na adoção do Open Roaming é o Itaú; o banco brasileiro também se tornou membro da WBA em 2024. Ao TELETIME, Tiago Rodrigues notou que empresas de diversas verticais – desde a Ford até a Zara – têm ingressado na aliança, inicialmente formada por tradicionais integrantes do ecossistema wireless como AT&T, Broadcom, BT, Cisco, Intel e Deutsche Telekom.

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