Ampliando a atuação no mercado brasileiro, a provedora de serviços Juvo entende que a recarga feita pelo usuário de telefonia móvel pré-paga é um bom caminho para a habilitação, pelas teles, de serviços financeiros como empréstimos pessoais.
Gerente geral da Juvo para América Latina e Caribe, Murilo Menezes contou a este noticiário que a premissa tem se mostrado viável em meio à parcela desbancarizada do continente (que no Brasil ronda as 49 milhões de pessoas). "Recarregar o celular é a transação mais recorrente que eles fazem. Combinando essa frequência de transações, é possível construir uma histórico de crédito alternativo e permitir a inclusão dessas pessoas na economia formal".
Segundo ele, a opção seria uma uma "oportunidade para as operadoras gerarem novas receitas, assim como parceiros". No Brasil, a Claro foi a primeira a abraçar a ideia. "Temos operação comercial no Brasil com eles, onde oferecemos o SOS Recarga". Através de um app, o cliente da operadora consegue antecipar créditos de R$ 5 e R$ 10.
"Na medida que o valor é pago de volta, a partir de um gamification o cliente pode ser premiado e ganhar pontos". Segundo Menezes, dessa forma é possível dar ao consumidor em "níveis" mais altos o acesso a outros produtos, inclusive de parceiros. "Pode ser um empréstimo pessoal ou uma oferta para contratar seguro de um telefone novo", exemplifica.
O executivo da Juvo afirma que o modelo tem dado certo em outros países. No Caribe, a panamenha Cable & Wireless já expandiu os empréstimos progressivos e tem colhido resultados. "Cerca de metade da base que utiliza o serviço já tem acesso a empréstimos que equivalem de quatro a seis semanas de telefonia móvel", afirmou Menezes. Além de garantir recorrência do ARPU mensal, a medida teria efeito positivo sobre a retenção, diminuindo também a necessidade do ponto de venda físico.
Outros setores
Além da Claro, Menezes afirma que outras operadoras têm avaliado a opção no Brasil e que a possibilidade da receita adicional pode ir além dos empréstimos progressivos. Isso porque a chamada identidade financeira como serviço (ou FiDaaS, na sigla em inglês) habilitada a partir da base das teles pode ser útil para outros segmentos.
Indo além do setor financeiro, aplicativos de transporte também poderiam utilizar a identidade construída a partir da base das teles. "Estamos conversando com uma empresa desse segmento e eles têm muitos casos de motoristas assaltados e até infelizmente assassinados. Nós podemos validar a identificação de quem está chamando através do app, se uma pessoa é confiável ou não", afirmou Menezes, citando demais exemplos da economia digital.
A Juvo ainda utiliza big data e machine learning para enriquecer a base de identidades financeiras; no Brasil, segundo Menezes, o trabalho já estaria preparado para compliance com a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), que entra em vigor no ano que vem. A empresa também teria experiência com a GDPR, a lei de proteção de dados da União Europeia.
Além da América Latina, a Juvo tem atuação em países com contingente desbancarizado relevante, passando por Índia, sudeste asiático e leste europeu, além de planos de chegada no continente africano. Entre as companhias que já investiram na empresa (sediada nos EUA) estão Ericsson, Nokia, Samsung e a japonesa NTT Docomo.