BlackBerry tem queda em receitas e aumenta prejuízo para US$ 4,4 bilhões

Após a tentativa frustrada de venda para o fundo de investimentos Fairfax neste último trimestre, a BlackBerry continua lutando para se manter de pé, mas mostrando resultados cada vez mais negativos. A companhia registrou uma queda de 56% nas receitas no terceiro trimestre (encerrado dia 30 de novembro) do ano fiscal de 2014, totalizando US$ 1,193 bilhão. Houve queda também na venda de smartphones e aumentou o prejuízo para US$ 4,4 bilhões, segundo informou a canadense ao mercado nesta sexta-feira, 20.

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O prejuízo financeiro no trimestre saiu de US$ 965 milhões no ano anterior para US$ 4,4 bilhões neste trimestre encerrado em novembro, ou US$ 8,37 de prejuízo por ação diluída. A companhia afirma que esse prejuízo inclui pagamento de multas relacionadas a ativos de longa vida de aproximadamente US$ 2,7 bilhões, além de pagamentos de compromissos de estoque e de distribuição de aproximadamente US$ 1,6 bilhão. Contribuíram também os gastos com o programa de reestruturação da BlackBerry, que foram de US$ 266 milhões no período.

A empresa registrou queda de 24% nas receitas mesmo na comparação com o trimestre imediatamente anterior, quando obteve US$ 1,573 bilhão. Em todas as regiões houve queda nas receitas, embora a área da Europa, Oriente Médio e África, a mais rentável para a BlackBerry, continue sendo responsável por quase metade (46%) das receitas. A América Latina diminuiu sua participação de 12,5% no segundo trimestre para 11,3% (US$ 135 milhões em receitas), permanecendo como a região de menor participação.

A venda de aparelhos caiu quase pela metade na comparação anual, de 3,7 milhões para 1,9 milhão. O desempenho levou a empresa a procurar a Foxconn para executar uma parceria estratégica para levar à companhia chinesa o desenvolvimento e fabricação de hardware low-end, terceirizando custos.

O caixa da empresa, incluindo investimentos, foi de US$ 3,2 bilhões, comparado com US$ 2,6 bilhões em novembro de 2012. Obrigações e compromissos de compra somaram US$ 2,1 bilhões, com requisições contratuais de fabricantes representando aproximadamente US$ 664 milhões do total.

Desafios

Tudo isso representa um grande desafio para o novo CEO da empresa, John Chen, que está no cargo há 45 dias. "Passei mais tempo observando os potenciais precipícios. Estamos mudando o gerenciamento, melhorando a eficiência e organizando", justificou ele. Para tanto, além de apostar na parceria com a Foxconn para diminuir os gastos com estoques e manufatura, a companhia está procurando delinear as áreas de negócios em setores de dispositivos, mensagem, comunicação máquina-a-máquina (M2M) e serviços corporativos.

A empresa já busca também recuperar o relacionamento com operadoras, principalmente no setor corporativo. "Já estou em contato com a Verizon e a AT&T, além da Vodafone, e eles estão bem interessados em nossa oferta de enterprise", declara Chen. Desde o lançamento do sistema operacional BlackBerry 10, não é mais exigido ao usuário possuir um plano de dados específico para utilizar a plataforma e servidores BlackBerry.

Softwares

A maioria das unidades vendidas no trimestre foi de dispositivos equipados com o sistema BlackBerry 7. John Chen reconhece que o desempenho da plataforma BB 10 foi um resultado "abaixo do desejado", mas diz que vê futuro para o sistema. "Há muitos recursos que queremos implantar para melhorar em produtividade, comunicações e messaging", promete, afirmando que há um time de desenvolvimento trabalhando nisso e que deverá haver crescimento orgânico e inorgânico na divisão de softwares. Importante lembrar que o novo dispositivo desenvolvido em parceria com a Foxconn rodará o BlackBerry 10.

Na área de mensagens, há 40 milhões de novos usuários registrados nos últimos 60 dias graças ao lançamento do aplicativo BBM para iOS e Android. A BlackBerry deverá lançar em 2014 uma versão do BBM destinada ao setor corporativo com mais ferramentas de segurança e de gerenciamento. Segundo Chen, 60% dos usuários ativos do aplicativo de mensagens o utilizam diariamente. O próximo desafio será monetizar o BBM. "Por isso separei a unidade de negócios. Acho que o ano fiscal de 2015 será mais focado em investir em recursos e canais", declara, esperando ver aumento "razoável" da receita no ano fiscal de 2016. O CEO garante que uma estratégia baseada em publicidade não está nos planos da BlackBerry.

A companhia conta ainda com 30 mil servidores comerciais e em teste com o BlackBerry Enterprise Service 10 (BES10), crescimento de 5 mil em relação ao último trimestre. Além disso, há uma base de 80 mil clientes utilizando serviço de gerenciamento de dispositivo móvel (MDM).

No negócio de M2M, a empresa deverá apresentar a nova tecnologia embarcada baseada no padrão QNX na feira Consumer Electronics Show (CES), que ocorre em janeiro, em Las Vegas, nos Estados Unidos. A novidade será destinada não apenas para comunicação M2M em carros, mas também outras verticais, incluindo serviços em cloud.

 

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