Causou espanto geral entre analistas do mercado de ações o relatório da auditoria Ernst & Young colocando em dúvida a capacidade da Net Serviços de continuar em operação.
Publicado junto com o balanço do terceiro trimestre da empresa, o relatório de revisão especial da Ernst & Young ressalta que "a companhia tem apresentado contínuos prejuízos operacionais e apresenta deficiência de capital de giro, fatores estes que evidenciam sua dependência de suporte financeiro por parte de seus principais financiadores e geram incertezas quanto à sua capacidade de continuar em operação".
Daqui para a frente, de acordo com profissionais do mercado financeiro ouvidos por este boletim, as maiores esperanças de Net ficam dependendo de sua eventual venda para algum grupo estrangeiro forte.
Atualmente, há dois boatos correndo sobre venda.
Um deles diz respeito a Rupert Murdoch, presidente da gigante News Corp. Essa compra, porém, tem sido vista com reservas. Há poucos dias, ao apresentar os resultados trimestrais de seu grupo, Murdoch declarou que não tem planos sequer para adquirir pleno controle da televisão por assinatura via satélite Sky no Brasil (que tem participação também das Organizações Globo e do grupo norte-americano Liberty) ou das demais operações da Sky na América Latina, alegando "potenciais riscos políticos e econômicos".
O outro rumor faz par com a Embratel: o mesmo grupo que estaria interessado na operadora de longa distância (Bassini, Playfair e Wright) teria conversado com a Brasil Telecom, Telemar e Telefônica para "salvar" a Net. Nesse caso, contudo, o problema passa a ser de natureza regulatória. A Net está entre as maiores redes de acesso de telecomunicações existentes fora as redes das teles. Se for comprada por uma empresa de telefonia local, a operação corre sérios riscos de ser questionada no Cade porque criaria concentração no acesso.
