A área de gerenciamento de risco e de fluxo de receita pode trazer mais oportunidades para operadoras com a exploração de dados da base para personalização de serviços ofertados. Porém, com o peso regulatório no Brasil, há mais desafios para companhias que atuam nessa área, como a fornecedora desse tipo de solução, a WeDo Technologies.
A companhia lançou neste ano a ferramenta Digital Risk Profile, que rastreia o perfil do usuário em redes sociais e outras interações na Internet para enriquecer as informações que a empresa já tem do cliente. Segundo explica vice-presidente da WeDo Technologies na América do Norte, Thomas Steagall, no Brasil há a necessidade da conformidade com os índices de qualidade exigidos pela Anatel. "Lá precisam ser muito afiados, porque são muito regulados. Precisam lidar com isso rapidamente", declara. "No Brasil é um dos casos onde, se a tele tiver um KPI regulatório (metas) e falhar em alguns dos índices, a multa é enorme", completa o CTO da WeDo, João Resende.
Na visão da vice-presidente de vendas e marketing para a América Latina da WeDo, Bárbara Gurjão, no Brasil a ferramenta operaria com o requerimento de consentimento ativo (opt-in) do usuário para que seus dados sejam também buscados. Mas ela reconhece que a soma da carga regulatória atual com uma eventual aprovação da Lei de Proteção de Dados Pessoais poderia trazer alguns obstáculos. "Talvez atrapalhe um pouco o potencial do produto, mas, por outro lado, não vai atrapalhar meu negócio", afirma. "É uma coisa muito importante para a gente entrar. Nós, provedores de serviço, parceiros, precisamos estar nesse mundo. Se não, se a lei não permitir, muita gente vai ter problema", avalia.
O diretor de marketing e estratégia Bernardo Lucas garante que seria uma oportunidade também para os usuários. "As operadoras brasileiras têm um mercado novo digital, e nessas áreas podem ter melhor experiência de consumidor, com um propósito maior, de dar o melhor (ao usuário), como o e-commerce", compara.
Um exemplo atual do potencial de impacto é a regulação da União Europeia de proteção de dados, a General Data Protection Regulation (GPRD). Segundo conta o CEO da WeDo, Rui Paiva, é um cenário novo não apenas para operadoras, mas também para fornecedores e provedores de soluções. "Isso é completamente novo, nem o nosso jurídico sabe como lidar, ninguém sabe como funciona", explica. O ônus por não seguir as regras de privacidade pode ter um sabor amargo: multa calculada em 4% da receita anual da empresa.
Os executivos da empresa falaram durante coletiva de imprensa durante o evento Worldwide User Group, organizado pela companhia em Miami, Estados Unidos, nesta semana.