Fabricantes de acessórios para celular reduzem investimentos

Fabricantes de acessórios para telefone celular acenam com uma política de investimentos mais cautelosa para os próximos meses. A retração nos aportes se deve à previsão de desaceleração nas compras de insumos por parte da indústria de telefones móveis, impactada pela concorrência agressiva com empresas chinesas e pela cotação desfavorável do dólar, oscilando na casa de R$ 1,75.

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A Dynalf, fabricante de carregadores, afirma ter segurado os planos de expansão de sua fábrica, na capital paulistana. O projeto custaria US$ 1 milhão e agora não tem prazo definido para acontecer. “Tínhamos planos para aumentar em até três vezes a nossa produção, mas em agosto tivemos a notícia que o mercado poderia apresentar retração”, explica Ezequiel França, um dos proprietários da empresa.

Entre os motivos destacados por França para a desaceleração do mercado de equipamentos está a oferta, no mercado interno, de aparelhos chineses, que em alguns casos têm custo de importação próximo aos US$ 10 — os modelos mais simples. “Nossa moeda está tão valorizada que eles estão tomando conta”. O empresário também ressalta que para o setor ganhar competitividade o ideal é que o dólar chegue ao patamar de R$ 2,30. “Seria excelente para nós”.

Para exemplificar a desaceleração, o empresário conta que a fábrica da Dynalf tem capacidade para produzir 400 mil carregadores por mês. Entretanto, em agosto, as instalações produziram 250 mil peças, ficando com uma capacidade ociosa de 150 mil peças. “Temos uma queda na produção e margens de lucro que beiram 6% ou 8%. Então o que está suportando a gente é o fato desse mercado ser restrito a poucas empresas e a gente estar suportado no PPB (Processo Produtivo Básico) — que determina cotas de insumo nacional nos aparelhos celulares”, finaliza.

Outra fabricante de acessórios que supostamente enfrenta problemas com a falta de competitividade do setor é a Salcomp. Entretanto, os responsáveis pela empresa não foram encontrados para comentar o assunto.

O gerente do departamento de economia da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Luiz Cesar Rochel, pede que o governo aumente os custos de importação de alguns produtos, especialmente na área de telecomunicações. “Pedimos a eles que cumpram aquilo que prevê a OMC (Organização Mundial do Comércio), que é taxar em 30% ou 35% esses produtos”. Já o presidente da Abinee, Humberto Barbato comparou a desindustrialização a um câncer. “Não se pode fazer investimentos num país para ter retorno de no máximo 9% ao ano”.

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