Open RAN tem 'custos escondidos' e ainda pode sair mais caro, afirma Vodafone

Santiago Tenorio, head de arquitetura de rede do Grupo Vodafone

A tecnologia de redes móveis de acesso abertas (Open RAN) é uma das principais apostas dos Estados Unidos e Europa para conter o avanço de empresas chinesas como Huawei no mercado de fornecimento de infraestrutura de telecomunicações, mas ainda precisa de maturidade para cumprir a promessa de economia e de inovação. Como já tem implantação comercial de Open RAN, a europeia Vodafone explicou, durante evento promovido pela fornecedora japonesa NEC na semana passada, que as expectativas são altas, mas é preciso ter pé no chão. 

Head de arquitetura de rede do Grupo Vodafone, Santiago Tenorio acredita que há um empolgação exacerbada pela tecnologia, mas ela ainda precisa de tempo. "Acho que precisamos esperar os primeiros anos. Pode ficar mais caro na implantação porque é uma tecnologia nova e ainda tem coisas que não estarão solucionadas. Tem aspectos que você precisará fazer e que antes não fazia, talvez você não esteja preparado", afirmou. 

Contudo, a experiência da própria Vodafone, diz, não tem tido um custo tão alto quanto o esperado. Ainda assim, ele alerta para a possibilidade de "custos escondidos" na implantação da tecnologia. "Mas acho que não há dúvida de que vai ser mais barato, provavelmente antes de dois ou três anos", destacou. 

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Essa previsão de inevitabilidade da redução de custos se baseia em dois pontos: que a desagregação "sempre torna tudo mais barato" e que o preço dos fornecedores tradicionais e servidores não deve baixar logo. Mas também entra na equação a competição: por ter a natureza de ser um ambiente multifornecedores, espera-se que isso traga benefícios também de inovação. 

RIC

Neste ponto, a tecnologia de controlador inteligente da rede de acesso (RIC, na sigla em inglês), é tida como uma aplicação chave para fechar essa equação. Na opinião de Santiago Tenorio, por ser algo exclusivo para o Open RAN, o RIC trará a certeza para operadoras de que haverá uma redução de custo total de patrimônio (TCO). "Será o killer app em 2023, pois é algo que não poderia ser feito com arquitetura de incumbente."

Tenorio diz que já está em andamento a padronização do RIC, com previsão de que o processo seja concluído até o final do ano, com as primeiras aplicações em 2022. "Coisas como o RIC vão chegar no ano que vem e deve ficar mainstream em 2023. O impacto das coisas que podemos fazer no TCO será significativo", afirma. 

Vice-presidente senior da NEC, Nozomu Watanabe afirmou que, do ponto de vista do fornecedor, há um processo de aceleração de parceria entre indústrias para criação de valor. "Reconhecemos que tem mais trabalho para se aplicar o Open RAN de forma mais abrangente, mas achamos que é empolgante que as operadoras tenham que meter a mão na massa", declara. 

Também na semana passada, a fornecedora japonesa e o grupo Telefónica, controladora da Vivo, assinaram contrato global para utilizar a tecnologia de redes abertas. O acordo inclui a operação brasileira.

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