Desafio de tirar do papel sugestões do Plano de IoT serão o próximo passo

O Plano Nacional de Internet das Coisas (IoT) chegará com diretrizes para que a tecnologia cresça no País, mas o contexto é maior e incluirá o desafio de o governo tirar do papel as melhores práticas que vai sugerir. O secretário de Políticas de Informática do MCTIC, Maximiliano Martinhão, explica que a Estratégia de Transformação Digital do governo é o guarda-chuva no qual o Plano de IoT está inserido. E para o governo, a necessidade é de entregar um documento "preciso na regulação, claro e simples, assegurando o mínimo sem excesso regulatório" para poder colocar tudo em prática.

A chefe do Departamento de Tecnologia da Informação e Comunicação do BNDES, Irecê Fraga Kauss, diz que o grande desafio do Plano é de tangibilizar as iniciativas sugeridas, gerando o valor que atualmente existe apenas em potencial. "Temos grandes dificuldades em construir pilotos que comprovem que é possível tirar valor de IoT, e cada segmento puxa para a sua sardinha", declara. Por isso, argumenta, há mérito no projeto do MCTIC de viabilizar e 'tecnicalizar' as escolhas sendo feitas.

Prestes a apresentar o estudo, o momento é de se discutir o plano de ação de implantação com a Câmara de IoT do governo. Ela explica que a inovação será tratada "e não poderá ser requentada", usando mecanismos que já funcionam bem e melhorando outros. A representante do banco afirma também que há um desafio em particular mais difícil de destravar: "O BNDES continua achando que microeletrônica é o ponto que estabelece as coisas mais importantes. A gente vê ainda oportunidade, que não é pequena."

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Contudo, a abordagem do BNDES para Internet das Coisas será a mesma que o banco estabelece para projetos de telecomunicações em geral, oferecendo linhas de crédito normalmente. "A gente não precisa ficar esperando as grandes, maravilhosas e eficazes iniciativas para implantar projetos de IoT que fazem sentido para a nossa realidade", diz

Novos modelos

Na opinião do presidente do Grupo Algar, Luiz Alexandre Garcia, o desafio das operadoras será de não atuar apenas na camada de transporte, mas há também valor no acesso. "Vai gerar oportunidade para o setor porque o volume transacional vai ser muito maior; teremos muito mais volume de transações e interconexões e isso vai exigir estrutura mais robusta e sofisticada." Garcia considera, no entanto, que é impossível pensar em regulação específica para IoT no modelo atual. "A única certeza é que existe espaço para todo mundo, e o mercado terá crescimento exponencial. Soluções serão encontradas, e será ex-post, experimentando e adaptando as regulações, já que será impossível prever todas as variáveis", declara.

O presidente da TIM, Stefano de Angelis, defende o uso da infraestrutura existente para IoT, uma vez que grande parte dos equipamentos utilizará apenas recursos básicos na rede. Destaca, por outro lado, que a receita média por acesso (ARPU) precisará de escala para justificar. "O ARPU deste negócio vai ser de algum real por mês, se tivermos sorte", prevê. A operadora realiza o projeto Baywatch (salva-vidas), que são testes com drones na orla do Rio de Janeiro para segurança nas praias.

O representante da Nokia, Luís Tonisi, destaca que o segmento B2C da IoT será de "valor agregado importante", sobretudo na questão de segurança. "Estamos falando dos primeiros ataques de Terabyte, que hoje são em Gigabyte", prevê, falando em volume de tráfego gerado em ataques de negação de serviço (DDoS). Ele enxerga que é no mercado corporativo "onde o dinheiro está" potencialmente na Internet das Coisas.

O presidente da Ericsson, Eduardo Ricotta, chama atenção para o problema da fragmentação no ecossistema e na mudança de paradigma para a indústria, que será totalmente baseada em inovação. "É bem diferente da forma que trabalhamos hoje, uma mudança grande, e nossa estratégia é trabalhar em co-criação, co-inovação com sartups e universidades", declara, citando 20 projetos na área. Na avaliação do executivo, o Plano de IoT foi "muito bem feito" pela escolha de verticais (Saúde, Agricultura, Indústria e Cidades Inteligentes) onde há demanda reprimida. "A gente espera conseguir monetizar", conclui.

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