Os resultados financeiros da Nokia no segundo trimestre apontaram uma receita global estável em termos orgânicos, com 5,7 bilhões de euros em vendas apesar de incertezas macroeconômicas apontadas pela fornecedora. Já na América Latina, uma redução de 15% no faturamento foi registrada.
A regional que inclui o Brasil gerou 230 milhões de euros em negócios para a finlandesa entre abril e junho (cerca de R$ 1,2 bilhão, na cotação atual). O desempenho das vendas líquidas na América Latina refletiu principalmente um declínio na vertical de redes móveis, afirmou a empresa. No semestre, a queda orgânica nas receitas regionais foi de 8% (para 462 milhões de euros).
O mercado, contudo, é apenas uma parcela do negócio da Nokia. Com alta de 11% na demanda e 1,5 bilhão de euros faturados, a Europa se tornou a principal regional para a empresa – ultrapassando a América do Norte, onde as receitas derreteram 40% em um ano (para 1,29 bilhão) no bojo de menor investimento de operadoras dos Estados Unidos em 5G.
Já a implantação da tecnologia na Índia gerou novo crescimento astronômico (355% na base orgânica), com faturamento da Nokia no país alcançando 1 bilhão de euros no trimestre. Foi sobretudo graças a este movimento que a vertical de redes móveis – ou o principal negócio da empresa – teve variação positiva global de 5%, para 2,623 bilhões de euros mesmo com declínio nos Estados Unidos.
Entre os demais segmentos, a área de infraestrutura de rede (que reúne portfólios como IP, redes ópticas, fixas e submarinas) teve queda de 6% nas receitas, para 1,978 bilhão globalmente. Do mix, apenas os equipamentos para redes ópticas tiveram alta de vendas. Já a divisão de cloud e serviços de rede teve alta orgânica de 2% (para 742 milhões de euros no trimestre), enquanto a Nokia Technologies variou 10% positivos (334 milhões).
Em paralelo, a Nokia ainda comemorou que as vendas para clientes corporativos tenham crescido 27% no segundo trimestre (para 510 milhões de euros), compensando a retração de 2% na demanda consolidada de operadoras de telecom (4,561 bilhões de euros). Na soma de todas as cifras, a finlandesa teve lucro de 289 milhões de euros no segundo trimestre, em queda de 37% na comparação com há um ano.
Cenário
"No início do ano, destaquei que estávamos começando a ver sinais de desafios macroeconômicos, juntamente com a digestão de estoques impactando os gastos dos clientes e isso se intensificou no segundo trimestre", afirmou o CEO e presidente da Nokia, Pekka Lundmark, em comunicado onde comentou os números.
"No segundo semestre, esperamos que essas tendências continuem a impactar nossos negócios, o que significa que agora esperamos vendas líquidas amplamente semelhantes às do primeiro semestre, tanto em infraestrutura de rede quanto em redes móveis, com algumas melhorias sequenciais visíveis no quarto trimestre", sinalizou o executivo. Vale lembrar que a empresa reduziu na semana passada a projeção de receitas para o ano.
"Olhando para além de 2023, em infraestrutura de rede acreditamos que esses impactos são principalmente de curto prazo e que, no futuro, vemos oportunidades de crescimento. Nas redes móveis, ainda há uma necessidade substancial de as operadoras investirem em 5G globalmente, com apenas aproximadamente 25% das possíveis estações base 5G de banda média até agora implantadas fora da China", projetou Lundmark.