Defendido pelos EUA como alternativa a fornecedores chineses nas redes de acesso, o Open RAN dependerá da adoção em países em desenvolvimento e de iniciativas de harmonização global de espectro para ganhar escala, de acordo com o governo norte-americano.
A avaliação consta em documento enviado à Federal Communications Commission (FCC) norte-americana pela Administração Nacional de Telecomunicações e Informação (NTIA), que representa o executivo do EUA junto à cadeia de telecom.
"As implantações em países em desenvolvimento são importantes por uma série de razões", apontou a NTIA, destacando a dimensão da população sem acesso à Internet móvel em nações com o perfil. "As implantações no mundo em desenvolvimento ajudarão a indústria de Open RAN a alcançar escala. Isso beneficiará os EUA e sua indústria doméstica de RAN aberto".
Em paralelo, a harmonização de espectro foi colocada pela NTIA como instrumento para este mesmo fim. "Uma política importante que a comissão deve considerar é a harmonização internacional de espectro para permitir economias de escala para equipamentos de rede e aumento da concorrência, com os fornecedores podendo vender o mesmo equipamento em vários mercados", sugeriu a autoridade à FCC.
O órgão do executivo notou que empresas sediadas nos EUA estão "ativamente colaborando" em prol do padrão em vários países. "Parcerias e colaboração internacional com a indústria e governos de pensamento semelhante serão chave para garantir a interoperabilidade global em arquiteturas baseadas em Open RAN".
Neste sentido, a NTIA argumentou que há risco de manipulação por parte dos governos adversários, que pode levar à fragmentação geográfica da tecnologia. Para isso, uma forte atuação em organismos de padronização da indústria móvel também foi considerada essencial.
A defesa do Open RAN pelos EUA em outros fóruns também foi considerada necessária. Entre as principais arenas de debate estariam a OCDE, o G7 e o grupo de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec).
Incentivos
Outras medidas governamentais foram apontadas pela NTIA como possíveis formas de apoio ao padrão. Uma delas é a utilização de soluções do gênero em contratações governamentais, desde que a tecnologia seja "apropriada" ao caso de uso em questão.
Alternativas como benefícios fiscais e concessões para acelerar o Open RAN também estão sendo consideradas pelos norte-americanos. Os EUA ainda têm promovido uma série de testes com modelo, tendo a pretensão de integrar resultados com experimentações de aliados e da iniciativa privada.
Implementações Open RAN ao redor do mundo foram outro ponto destacado – inclusive no Brasil, onde pilotos realizados pela Vivo em Petrolina (PE) e Juazeiro (BA) e relatados por TELETME foram citados. Segundo a NTIA, um ecossistema forte de redes com fornecedores desagregados em países aliados deve ser benéfico para a estratégia do governo e para as empresas dos EUA.