IoT: com pandemia, mercado está mais maduro e pragmático

[Publicado no Mobile Time] O mercado de Internet das Coisas no Brasil está mais pragmático. Sem projetos de grande extensão ou de alto risco, mas com propostas mais simples, realistas para os dias de hoje. Trata-se de uma evolução, de maturidade, que aconteceu durante a pandemia do novo coronavírus, de acordo com os participantes do painel "O potencial do mercado brasileiro de IoT", durante o primeiro dia do encontro virtual do Fórum das Operadoras Inovadoras, promovido nesta segunda-feira, 20, por Mobile Time e TELETIME, e que segue até terça, 21.

Segundo Daniel Laper, head de IoT/LoRa da American Tower, houve pânico em março, no início do distanciamento social, mas, com o tempo, o mercado amadureceu. "Depois que a fervura desce um pouco; (a empresa) analisa as oportunidades e (os projetos) mais exploratórios ficam para segundo plano enquanto os projetos que já existiam, mas com possibilidade de crescimento, aumentam. No fim, houve um ajuste de rota com aceleração de algumas verticais. Houve um amadurecimento de forma geral. Esse foi um viés positivo (da pandemia): o aumento de maturidade e de pragmatismo do mercado", resumiu.

Para José Almeida, CTO da WND Brasil, houve um aumento importante nos projetos com foco no "bottom line", ou seja, naqueles com o objetivo de melhorar a produtividade da empresa – como substituição de mão de obra – ou que vão gerar mais rentabilidade no fim. "Seria ingênuo dizer que não teve impacto (da pandemia no mercado de IoT). Teve, mas agora sentimos a retomada. Atualmente, vejo que os clientes preferem soluções com poucos recursos. Ninguém quer solução mirabolante. Mas o pior já passou".

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A Datora também sentiu o começo da pandemia, com um futuro muito incerto. "Ficamos 60 dias com projetos parados e recomeçamos no fim de maio, quando voltamos a ver o mercado comprador de novos projetos", disse durante o evento Tomas Fuchs, CEO da Datora.

Plano Nacional

A pandemia também causou impacto dentro do Governo Federal e, no primeiro semestre, o Plano Nacional de Internet das Coisas ficou parado. De acordo com Guilherme Correa, coordenador de inovação do Plano Nacional de IoT, ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, foram dois os motivos: o primeiro deles, a pandemia, que deixou as pessoas em home office; e o segundo foi a Lei de Informática, que foi alterada e precisou de mais atenção. "Temos escassez de pessoal no Ministério, mas, no fim, foi bom porque conseguimos planejar nossas próximas ações".

Verticais

Segundo Eduardo Polidoro, diretor de negócios de IoT da Claro Brasil, algumas verticais se destacaram neste período de crise por conta do novo coronavírus. A empresa sentiu um aumento no agronegócio, na saúde, residencial e em cidades. Para o diretor, alguns cases que estavam mais maduros, porém caminhavam lentamente, ganharam uma aceleração maior neste momento. "A pandemia acelerou por medida de sobrevivência de alguns setores, para redução de custos. No caso do agro, o setor foi beneficiado por uma questão econômica. O setor foi alavancado com o dólar elevado, por ser commoddity.  Por outro lado, foi prejudicado porque os insumos são cotados em dólar".

Depois que o choque da pandemia passou, a Datora registrou um aumento pela procura de soluções em IoT nas áreas de telemedicina e mobilidade urbana. Segundo Fuchs, projetos de smart cities também ganharam relevância.

Daniel Laper, head de IoT/LoRa, American Tower, detectou aumento de projetos em Internet das Coisas no setor de utilities, em especial entre as concessionárias de água e gás. "A base de medidores usando a nossa solução aumentou mais de sete vezes na pandemia", contou.

Laper identificou uma adaptação no mercado de rastreamento, que precisou mudar para sobreviver. As empresas que faziam antes rastreamento de veículos leves, por exemplo, se voltaram para logística e passaram a rastrear veículos pesados, de distribuição de alimentos e de carga.

Outro mercado importante, mas para o futuro, é o de "smart place", ou de gestão de espaço. O head de IoT/LoRa da American Tower disse que seu grau de maturidade ainda está baixo, mas é e será relevante contar o número de pessoas em um ambiente, assim como seu fluxo, em especial num momento de volta ao convívio social.

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