Especialista em redes e telefonia, o professor Almir Meira acumula 18 anos de experiencia em cargos técnicos e de engenharia na Motorola, Nextel e na Telesp (atual Telefônica) e foi procurado por este noticiário para comentar sobre o plano de melhorias para a estabilização do serviço banda larga da Telefônica que, de acordo com a operadora, já está funcionando. Segundo ele, o plano é bom, pois contempla todos os pontos fracos da rede da tele, responsáveis pelas últimas panes do Speedy. O professor, no entanto, ressaltou a demora da Telefônica em tomar tais medidas. "Analisando todas essas implementações simultâneas, percebemos que alguns problemas já vinham ocorrendo faz tempo", diz. Meira acredita que com esse plano a Anatel deve dar parecer favorável à retomada da comercialização do Speedy. "A Telefônica tem poder de investimento e um plano, agora precisa de uma chance para provar que entrega o que está prometendo". Veja os cinco pontos do plano de estabilidade da Telefônica, comentados pelo professor Almir Meira.
1) Readequação da arquitetura do centro de serviço e duplicação da capacidade dos servidores DNS, garantindo 100% de contingência:
A readequação da arquitetura do centro de serviços da Telefônica, segundo o professor Meira, envolve basicamente o upgrade de servidores e sistemas operacionais a fim de melhorar o desempenho e a capacidade da rede interna da operadora. A duplicação e contingenciamento do sistema de resolução de nomes (DNS), para o especialista, mitigará os riscos de ataques de hackers, como os que a Telefônica alega ter sofrido entre os dias 6 e 8 de abril deste ano e que causaram uma das maiores panes do ano. Na ocasião, a Telefônica alegou que o número de acessos disparou nos últimos anos e a quantidade de servidores DNS não deu conta do recado. Meira questiona: "Eles sabiam que essa demanda estava crescendo muito. Por que a área técnica não acompanhou esse crescimento"?
Para Meira, a segurança entre o backbone e a rede do usuário deverá contar com novos softwares de segurança, antivírus, firewalls, zonas desmilitarizadas (DMZ), sistemas de prevenção e de detecção de intrusos (IDS/IPS). "O internauta brasileiro é o campeão em tempo de navegação na web, por isso o Brasil é também um dos líderes em problemas de segurança na Internet. Ao investir na segurança dos assinantes do Speedy, a Telefônica será a maior beneficiada, pois os ataques a esses usuários passam por dentro da rede da operadora", diz.
3) 100% de contingência do toll-gate internacional, com ampliação de 60 Gbps para 100 Gbps por saída:
"Aumentar o toll-gate internacional de 60 Gbps para 100 Gbps talvez seja suficiente por enquanto. Mas creio que em breve a Telefônica terá de ampliar mais essa capacidade", diz. Segundo Meira, basta que 2 milhões de usuários com um acesso de 10% de uma velocidade nominal de 1 Mbps acessem o link internacional para 'entupi-lo'.
4) Ampliação de core IP (SP-Interior) em 20%:
Para Meira, a ampliação em 20% da rede IP entre São Paulo e interior demorou a acontecer. "O interior descobriu a Internet faz tempo e, em algumas cidades, o Speedy é a única opção de acesso à Internet". Essa expansão, segundo ele, envolverá a aquisição de equipamentos, como DSLAMs, roteadores, switches e até redesenho das redes. "Segmentando as redes, criando sub-redes, por exemplo, de Jundiaí a Campinas, você restringe o número de usuários e, consequentemente, melhora o sinal", explica.
5) Consolidação da implantação de novo modelo de GMUD (trabalhos programados):
"Esse talvez seja o principal item de todo o plano de melhorias, pois eles começam a pensar num plano de contingenciamento. Admitem que terão problemas, mas estarão preparados", diz. Segundo o professor, as janelas de manutenção da Telefônica eram mal planejadas. "Esse ponto envolve mais treinamento, mais capacitação da equipe técnica e trabalhos programados nos horários em que o menor número de assinantes será prejudicado", completa.