Durante os debates sobre a renovação dos contratos de concessão do seminário "Política de telecomunicações: perspectivas para 2003", realizado pela Converge Eventos nesta quinta, 20, em São Paulo, a Embratel foi a incumbent que manifestou a visão mais pessimista. "Acho que algumas concessionárias buscarão analisar, sim, se vale a pena renovar as concessões, pois ninguém é louco de aceitar desde já as regras sem conhecê-las", afirmou Purificación Carpinteyro, vice-presidente de acesso local e assuntos externos da Embratel. Perguntada se a WorldCom já havia cogitado não renovar o contrato da incumbent, Carpinteyro foi política: "a empresa tem todo o interesse no Brasil", disse, mas ressalvou que esta é uma questão do investidor e que existem problemas do modelo atual não sanados pela Anatel.
A Embratel não fala que vai deixar de lado a concessão para serviços residenciais (onde perde mais dinheiro, segundo Carpinteyro, por causa do déficit da interconexão), mas existem análises possíveis para esta hipótese: a Embratel já tem boa parte de sua infra-estrutura desvinculada do conjunto de bens reversíveis em caso de não-renovação da concessão. Segundo comentários de mercado, esta infra-estrutura seria suficiente para que a empresa mantivesse o serviço corporativo, onde consegue obter melhor rentabilidade. Se abrisse mão da concessão para serviços de longa distância residenciais, a Embratel se tornaria, na prática, uma mega-SLE, voltada apenas ao lucrativo mercado de empresas. São hipóteses distantes, que passam a fazer sentido diante da falta de perspectivas que a empresa enfrenta por conta dos impasses regulatórios.
Perspectivas para 2003