Analistas financeiros estão otimistas com a TV a cabo nos EUA

Se existe um momento em que a o entusiasmo natural em grandes convenções da indústria de telecomunicações dá uma certa arrefecida é quando analistas financeiros falam. Este ano, durante a NCTA Cable 2008, evento da indústria de TV a cabo dos EUA que acontece em Nova Orleans, o fenômeno foi o contrário. Analistas financeiros estavam particularmente otimistas com o futuro da indústria e com suas perspectivas competitivas, sobretudo em relação às empresas de telecomunicações.
"As operadoras de cabo estão crescendo em receitas, em banda larga e em voz, e isso é muito positivo. Também acho muito positiva a associação com a Sprint para a entrada no mercado de banda larga wireless", diz Ingrid Chung, vice-presidente da Goldman Sachs.
Jeffrey Wlodarczak, diretor da Wachovia Capital Markets, é ainda mais otimista: "as operadoras de cabo têm, nesse momento, um business plan melhor que as teles. Serviços como o FiOS, da Verizon, são bons mas vão levar anos para decolar. E para isso precisa investir milhares de dólares por assinante. O cabo, com o DOCSIS 3.0, poderá oferecer o que as redes de fibra óptica oferecem investindo algumas dezenas de dólares a mais por assinante". Para ele, a única coisa que as operadoras de cabo ainda poderiam fazer é continuar brigando para crescer em número de assinantes de vídeo, o que não tem mais acontecido. "Acho que as operadoras desistiram muito cedo de brigar para manter seu market share em número de assinantes".

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DTH e wireless

Sobre a competição com empresas de TV paga via satélite, Chung acredita que no longo prazo o DTH perderá a sua principal arma, que é a vantagem no número de canais em alta definição. Ainda que hoje ela mesma recomende a DirecTV como um bom investimento, principalmente por conta dos resultados recentes.
Os analistas se mostram entusiasmados com os planos das operadoras de cabo dos EUA para o mercado de wireless broadband. "Acho que o investimento que está sendo feito na joint venture entre Comcast, Time Warner e Sprint é relativamente pequeno e se o negócio se mostrar bom, certamente outras operadoras poderão aderir e capitalizar o negócio", diz Douglas Mitchelson, analista senior da área de telecom e cabo do Deutsche Bank Securities. "O único problema é que ninguém testou efetivamente o modelo de negócios que vai sustentar o mercado de vídeo móvel", diz.
"Concordo que a mobilidade seja algo importante para as operadoras de cabo, mas ainda quero ver essa parceria com a Sprint funcionar na prática", diz Wlodarczak, em tom mais cauteloso. "Acho que o posicionamento das operadoras de cabo junto à Sprint é um movimento de defesa de mercado", diz Chung.

Web

Os analistas de mercado também se mostram bastante despreocupados com a concorrência que as operadoras de TV a cabo poderão sofrer em função da proliferação de serviços de vídeo via web. "Acho que esse não é um problema e, além disso, a web ainda não está pronta para conteúdos em alta definição. E no final, quem vende ao assinante a rede banda larga para ele acessar o que for é a operadora de cabo ou a tele", diz o Jeffrey Wlodarczak.
Sobre a recessão norte-americana, todos eles acreditam que os impactos ainda serão sentidos e que a crise é grande, principalmente por se abater sobre o setor imobiliário, que tem forte vínculo com o mercado de telecom. Mas apostam que os maiores prejudicados serão os canais de conteúdo premium e as operadoras de telefonia fixa, que tendem a ser os primeiros serviços cortados pelo assinante.
Sobre os melhores investimentos estratégicos para o futuro que as operadoras deveriam perseguir, o analista da Wachovia Capital Markets é conservador. "Eu acho que os operadores de cabo têm que gastar o que tiverem para concluir o processo de digitalização, liberar espaço nas redes para mais canais e começar já a pensar no DOCSIS 3.0".
"Eu não vejo nada fora da indústria de cabo que seja estratégico e que as empresas já não tenham", diz Ingrid Chung, da Goldman Sachs.

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