O mercado móvel mantém um nível de competição considerado saudável pela TIM e pela Vivo, duas das principais incumbentes do setor de telefonia no Brasil. Já o segmento de banda larga fixa tem pequenos provedores sob pressão, o que pode facilitar a consolidação guiada por ISPs melhor estruturados.
A análise consta em relatório do analista de telecom da XP Investimentos, Bernardo Guttmann, após uma rodada de conversas com players de telecom realizada pela empresa na última semana. Em documento divulgado nesta segunda-feira, 20, Guttmann diz que essa avaliação das empresas móveis listadas no Brasil é positiva.
"TIM e Vivo estão confiantes em sua capacidade de repassar a inflação em 2025, com base na essencialidade dos serviços de telecomunicações, em ofertas que fortalecem a percepção de valor e na visão de um ambiente competitivo saudável, mesmo diante de um cenário macroeconômico desafiador".
Neste sentido, um ponto de atenção do mercado é a chegada da NuCel, a operadora móvel virtual (MVNO) do Nubank e que opera na rede da Claro, que foi anunciada no ano passado e começou a ser disponibilizada aos clientes do bando digital nesta segunda, 20.
"Em geral, TIM e Vivo não a veem como uma ameaça de curto prazo, pois não houve um lançamento massivo e sua oferta está alinhada com o mercado. Ambas as empresas reforçaram seu foco em qualidade e ofertas segmentadas, incluindo pacotes com serviços digitais", afirma ele.
Por outro lado, o entendimento é diferente entre os players menores. Fabiano Ferreira, o CEO da Vero, tem dito que a chegada da fintech no mercado é um marco, por conta de sua capacidade para escalar o negócio rapidamente, em razão dos seus mais de 100 milhões de usuários no País, e da possibilidade de integração inovadora entre serviços financeiros e conectividade.
Uma das lições aprendidas pela Vero como MVNO, frisa o analista da XP, é que a logística é um desafio "crítico", principalmente para a entrega de cartões SIM em um mercado nacional vasto e diversificado. Atualmente, os chips virtuais representam menos de 10% do mercado.
Mercado de FTTH
Um aspecto de atenção no documento publicado por Guttmann são as adversidades financeiras vivenciadas do lado dos provedores menores no segmento de FTTH – algo que poderia acelerar os movimentos de M&A presenciados ao longo do ano passado e facilitar a diferenciação entre os players menores e aqueles mais bem estruturados.
O relatório afirma que, mesmo com os desafios na economia, os ISPs também esperam conseguir repassar a inflação nos preços aos usuários na ponta. "Embora haja saturação e alta penetração de fibra em determinadas regiões, juntamente com as preocupações com o cenário macroeconômico, as empresas estão concentradas em aumentar a ocupação da rede e reduzir a rotatividade e a inadimplência."
Do lado das grandes, a Vivo vem ajustando os preços na banda larga e usando estratégias distintas para brigar por mercado em várias regiões, destaca. A empresa comandada por Christian Gebara segue explorando oportunidades de fusões e aquisições, a exemplo da Desktop, "enfatizando que o cliente é o principal ativo a ser considerado nas fusões e aquisições, muitas vezes mais relevante do que a infraestrutura de rede devido à sua sobreposição em várias cidades."