A retirada da Telebras como uma empresa dependente 100% do orçamento da União é a chave para o futuro da empresa, aposta Frederico Siqueira Filho, presidente da estatal. Em entrevista ao Teletime, Fred Siqueira explicou os projetos futuros da empresa atendendo não apenas políticas públicas de inclusão digital, mas também ofertando serviços digitais com foco em segurança de dados, data center e serviços de valor agregado a todos os setores de governo.
A ideia, disse Fred Siqueira, é transformar a Telebras uma empresa sustentável. "Estamos querendo tornar essa empresa auto-sustentável nos próximos dois anos. Nosso convencimento do governo foi durante 18 meses para mostrar a importância dessa empresa. O primeiro reconhecimento veio com a aprovação da lei de preferência (Lei 14.744/2023)", disse.
Outro sinal, segundo Siqueira, de que o governo está apostando na estatal foi na renovação do contrato de fornecimento de capacidade de satélite para o programa Gesac.
"Hoje, operamos opera como um hub de satélites, como forma de garantir uma oferta de serviço satelital para atender áreas remotas do Brasil. Não queremos concorrer com as atuais operadoras privadas. Temos parceria com diversas empresas privadas de satélites, que contratamos para atender as demandas de políticas públicas de inclusão digital do governo", disse Siqueira.
"Com todo esse trabalho, conseguimos mostrar que a empresa gera caixa e tem possibilidade de novos negócios", afirmou. Perguntado sobre os números da empresa, Siqueira disse que ainda está esperando o fechamento do mês de dezembro, para ter uma leitura total de 2024, mas os números até agora apontam que em 2024, a empresa cresceu em geração de caixa. "Só de receita em 2024 foi aproximadamente de R$ 500 milhões. Que vão todos para o Tesouro. Crescemos o nosso caixa ano após ano, reduzimos despesa, ampliamos nossas oportunidades de negócios. Mas, ainda estamos amarrados devido ao nível de orçamento que recebemos nos últimos dois anos", declarou. Vale lembrar que desde que foi recriada, em 2010, a Telebras ainda não consegiu registrar lucro, e na maior parte dos exercícios fiscais suas receitas ficaram abaixo do custo operacional.
Outros projetos
Além do projeto de fornecimento de satélites, a empresa aponta em mais duas outras frentes: a Telebras Fibra e o uso de seu data center para ofertar serviços digitais para o governo.
"Hoje, já estamos operando a rede do INSS com a Telebras Fibra. E estamos implantando parceria com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) também. Isso envolve conectar as agências das Superintendências do MTE com a entrega da ultima milha", disse Siqueira. O presidente da estatal disse ainda que, hoje, a empresa possui 30 mil km de fibra espalhados no Brasil. E possui diversas parcerias com operadoras para o atendimento à última milha, já que a ampliação da infraestrutura própria é limitada pela situação orçamentárea da estatal.
"O complemento da nossa atual malha de fibra vem com construção da infraestrutura que está sob responsabilidade da EAF, responsável por implementar os compromissos do leilão do 5G". O projeto comandado pela EAF envolve a construção de uma rede de fibra óptica que integrará 6.500 pontos, nas 27 capitais brasileiras, a um custo de cerca de R$ 1 bilhão. A Telebras deve receber a gestão esta rede depois de implementada, a exemplo do que acontecerá com as redes subfluviais que estão sendo implementadas pela EAF.
A terceira frente prevista como um forte modelo de negócios da Telebras é a oferta de soluções digitais, com a disponibilidade do seu data center. "Nosso data center tem certificação TIER 4. Isso nos permite oferecer serviços de solução digital com alta qualidade e com bo segurança, como armazenamento de dados pessoais sensíveis, soluções integradoras, treinamento de modelagens de IA, etc", explicou Fred. Atualmente, o data center da empresa opera com 20% da capacidade.
Contrato de gestão
Fred Siqueira disse que esta esperando a aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e do decreto regulamentador que permitirá independência financeira da Telebras para que determinados contratos de gestão sejam firmado com novos entes governamentais. "Com isso aprovado, poderemos já buscar novos parceiros e oferecer suporte adequado sem as amarras financeiras que temos. Isso permitirá investimentos em redes, em equipamentos e contratação de mais serviços especializados para melhor atender os contratos assinados", disse.
O presidente da Telebras disse que hoje a estatal tem R$ 1,3 bilhão para investimentos, mas que não pode fazer uso dos recursos porque possui teto de gastos previsto no orçamento. "Com essas amarras, não podemos expandir serviços, adquirir mais parceiros, e nem investir em tecnologia como queremos", afirmou.
E prosseguiu: "O governo entendeu a importância da Telebras. Temos apoio do Ministro das Comunicações, da Ciência e Tecnologia e diversos outros ministérios que notam que a Telebras pode fazer muito pelas políticas públicas no Brasil", finalizou.