Quatro tendências que vão mudar a indústria de telecomunicações em 2023

Ao longo dos últimos anos, as empresas do setor de telecomunicações, assim como todas as demais companhias de tecnologia, enfrentaram um cenário complexo, com interrupções globais na cadeia de suprimentos, alta no preço da energia e pressões inflacionárias em mercados-chave, entre outros desafios. Em 2023, infelizmente, o quadro não se mostra muito diferente, indicando outro ano desafiador e com muitas mudanças, o que exigirá uma boa capacidade de adaptação para o segmento.

Adolfo Hernández, vice-presidente de telecomunicações da AWS

Olhando para o futuro e levando em consideração esses fatores, essas são algumas tendências que a AWS espera que se repitam para as empresas de telecomunicações.

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Maior ênfase nos dados

As decisões baseadas em dados podem ajudar as empresas de telecomunicações a reduzir os custos operacionais, reinventar as experiências do cliente e impulsionar inovações. As companhias do setor  têm oceanos de dados, mas muitos deles são multidomínio e isolados. Isso dificulta a consolidação, o controle e o compartilhamento de dados em toda a organização.

Torna-se necessário adotar uma arquitetura mesh para liberar o poder dos dados. Nesse modelo eles são compartilhados em um catálogo centralizado no qual as áreas de negócios podem encontrá-los para consumo e entrega de resultados transformadores.

Uma malha de dados também garante que as áreas de negócios tenham as ferramentas certas para o trabalho. Por exemplo, permite que não-cientistas de dados criem, treinem e implantem modelos de aprendizado de máquina (ML), aumentando a adoção em toda a organização e proporcionando impacto exponencial na inovação, ao mesmo tempo em que enriquece a experiência do cliente.

Sustentabilidade: Os custos de energia estão no topo da agenda

As empresas de telecomunicações têm um papel importante a desempenhar em ajudar outras indústrias a se tornarem mais verdes, ao mesmo tempo em que reduzem suas próprias emissões. A indústria global de telecomunicações produziu 2,6% do total das emissões globais de dióxido de carbono (CO2) em 2020, de acordo com o relatório da Associação Europeia de Operadores de Redes de Telecomunicações. Em comparação, a indústria global de aviação civil responde por cerca de 2%.

Com o aumento dos custos de energia, as operações baseadas em dados poderão ajudar as empresas de telecomunicações a reduzir seu footprint. De acordo com a GSMA Intelligence, o consumo de energia representou de 15% a 40% dos gastos operacionais das empresas de telecomunicações em 2021, e espera-se que esse número aumente nos próximos anos. Relatórios da McKinsey e da Ericsson estimam que a maior parte desse consumo de energia virá de redes de acesso por rádio (RANs) e cerca de 60% a 75% do consumo de energia de uma operadora de rede móvel.

Sem dúvida, mudar para a nuvem economiza energia. A migração de cargas locais pode reduzir a pegada de carbono da carga de trabalho em quase 80%, de acordo com vários estudos conduzidos pela empresa de análise internacional 451 Research, parte da S&P Global Intelligence. Esse ganho pode chegar a 96% a partir do momento em que a totalidade das operações da AWS funcionar com energia renovável (uma meta que a Amazon espera alcançar até 2025).

Mais parcerias aumentarão o ecossistema 5G à medida que as redes amadurecem

Nos últimos anos, ouvimos a promessa de receita adicional do 5G, mas ainda não vimos essa promessa se concretizar. 2023 marcará o início de um ponto de virada. À medida que as redes e o hardware amadurecem, mais parcerias intersetoriais e multifuncionais são necessárias para criar novos serviços 5G. Da mesma forma, será importante diminuir as barreiras para construir e gerenciar redes 5G públicas e privadas.

Redes sem fio privadas fornecem conectividade de banda larga, semelhante a uma rede sem fio pública, mas pertencem e são controladas pela organização que as construiu ou comprou. O modelo público oferece maior controle sobre a capacidade, confiabilidade e segurança da rede, além de entregar velocidades mais rápidas em comparação com Wi-Fi. A IDC estima que o mercado potencial para tecnologia sem fio privada LTE/5G pode chegar a US$ 8,3 bilhões até 2026. No início deste ano, no entanto, analistas do Dell'Oro Group ajustaram suas previsões para 5G privado para refletir uma aceleração mais lenta.

Parte disso se deve ao alto custo e à complexidade da capacidade de planejar, construir, implantar e gerenciar uma rede privada. No entanto, estamos vendo mais parcerias neste campo para reduzir o tempo de lançamento no mercado e simplificar o processo.

Transformação das próprias empresas de telecomunicações

A quarta tendência no próximo ano será a evolução acelerada das telcos para "tech-cos". Essas empresas buscam ansiosamente crescimento de receita, inovação mais rápida e recursos internos para desenvolver e apresentar novos serviços e ofertas a seus clientes.

Essa não é uma tarefa fácil, pois as empresas de telecomunicações geralmente operam usando aplicativos legados, forças de trabalho tradicionais e processos de desenvolvimento de longo prazo. No entanto, estamos vendo diversas companhias que têm uma visão clara e desejam impulsionar a inovação e melhorar a experiência do cliente.

Alguns dos melhores exemplos incluem a SK Telecom, com sede na Coréia do Sul, que está trabalhando ativamente para se transformar em uma empresa de IA e também deseja transformar seu serviço de metaverso, que agora está disponível em todo o mundo. Outro exemplo é a Telia, na Suécia, que está investindo em treinamento e qualificação de 10% de sua força de trabalho para criar e operar aplicativos de IA e ML nativos da nuvem.

Além de adicionar novos serviços para os clientes, também prevemos que mais empresas de telecomunicações experimentarão executar sua rede como uma plataforma. Essa abordagem forneceria uma nova maneira de monetizar suas construções de rede e colocar um novo MVNO em funcionamento em alguns dias, o que também poderia operar de forma lucrativa com apenas 10 mil assinantes.

Coletivamente, as empresas de telecomunicações que adotarem essas quatro tendências estarão melhor posicionadas para alcançar um novo crescimento, bem como se adaptar a inovações, como o metaverso e a maior adoção da Internet das Coisas (IoT).

* – Sobre o autor: Adolfo Hernández, vice-presidente de telecomunicações da AWS. As opiniões expressas nesse artigo não necessariamente representam o ponto de vista de TELETIME.

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