A aprovação da transição do Serviço Telefônico Fixo Comutado (STFC) da Oi do regime de concessão para o de autorização, anunciada pela Anatel na última semana, representa um passo importante na reestruturação econômica da operadora. Isso porque, na avaliação da companhia, essa mudança permite que a empresa acelere a venda de imóveis – parte essencial dentro do plano de reequilíbrio financeiro.
Vice-presidente de suporte aos negócios da Oi, Daniel Hermeto afirmou que a companhia tem um portfólio de mais de 7 mil propriedades. Apenas em 2025, a empresa pretende alienar cerca de 500 ativos imobiliários.
"Apesar da empresa já ter alienado cerca de 80 ativos imobiliários nos últimos três anos — incluindo imóveis icônicos como a antiga sede no Leblon, no Rio de Janeiro, e a sede da antiga Brasil Telecom, em Brasília — o processo anterior era lento e burocrático", disse Hermeto. Isso porque a Anatel precisava avaliar, em cada caso, a reversibilidade ou não do bem, o que deixa de existir no regume de autorização.
Segundo o executivo, o desconhecimento de muitos investidores sobre a possibilidade de superar as condições de reversibilidade dos imóveis também afastava interessados, dificultando vendas competitivas de alguns dos ativos.
A expectativa é de que o novo modelo de autorização dê mais flexibilidade para a captação de recursos, além de avanços no processo de fortalecimento financeiro da corporação. A companhia também avalia que essa transição permitirá superar obstáculos que antes limitavam a competitividade e crescimento da Oi.
Quanto vale?
Em agosto, a Oi avaliava que seus 7,9 mil terrenos e edifícios teriam valor de mercado estimado em R$ 5 bilhões. Os dados foram apresentados pelo comando da Oi durante conferência sobre resultados do segundo trimestre.
A cifra de R$ 5 bilhões foi calculada em laudo de avaliação de ativos emitido pela Ernst & Young no bojo do plano de recuperação judicial da Oi.
Na ocasião, a empresa mirava uma estratégia de vendas segmentada pelos valores. Além do grupo com valores acima de R$ 35 milhões, que seriam as vendas prioritárias, previa-se categoria de imóveis entre R$ 10 milhões e R$ 35 milhões, e uma terceira com ativos avaliados em menos de R$ 10 milhões.
Muitos imóveis, contudo, acabaram sendo depois vinculados às renegociações dos contratos tipo take-or-pay, como foi o caso dos contratos com as torreiras, que eventualmente optaram ficar com as torres e imóveis a elas associados.
Outros são imóveis considerados sem interesse comercial, como pequenas frações de terreno onde ficavam centrais telefônicas e caixas de passagem.
Na ocasião, a Oi alertava que o valor líquido dos imóveis deveria considerar os custos de desmobilização da infraestrutura existente instalada nos mesmos, assim como o uso como garantia em negociações travadas pela Oi ao lado de parceiros de torres e satélites.