Um projeto de cinco anos da SES está próximo de finalmente ser colocado em operação. Na próxima sexta-feira, 22, será lançado da base de Kourou, na Guiana Francesa, o satélite geoestacionário SES-17. Os testes foram concluídos em setembro e o equipamento já está sendo preparado no foguete Ariane 5, da Ariane Espace. A previsão é de que os serviços com a capacidade em banda Ka já estejam disponíveis nas Américas, incluindo o Brasil, no começo de 2022.
A aposta inicial da operadora é no mercado de conectividade a bordo de aviões (IFC), uma vez que a Thales Avionics é a cliente âncora. A Thales Alenia Space é fabricante do satélite, que ficará posicionado em 67,1º Oeste.
Em conversa com jornalistas nesta terça-feira, 19, o CTO da SES, Ruy Pinto, destacou que a intenção é de expandir a quantidade de teleportos para o novo satélite. No lançamento do satélite, haverá seis gateways implantados no Canadá, México, Chile e Colômbia. A ideia é ter até 16 gateways nas Américas e na Europa, que serão construídos conforme necessário. No Brasil, o plano é de expandir a infraestrutura existente em Hortolândia (SP).
O sistema será integrado com nuvens públicas também. Pinto afirma que, além da parceria com a Microsoft (com a plataforma Azure), a SES já está trabalhando com a Amazon e, futuramente, com o Google.
A capacidade oferecida, de acordo com o executivo, é "difícil" de definir. O CTO explica que há flexibilidade para mudar o set de frequências direcionadas, incluindo o que ele chama de "broadcasting" para diferentes destinos simultâneos. "É mais perto para meio terabit [de capacidade] do que parece."
O argumento é que, a depender do tamanho da antena na aplicação – por exemplo, em um avião -, a capacidade é diferente do que se utilizar em um equipamento com maior capacidade, como a antena de uma cidade, por exemplo. "Outras operadoras usam esse número [de capacidade] para gerar manchete", critica.
Por meio de multiplexação, é possível concentrar a capacidade de feixes de banda Ka de acordo com a demanda. "Esse é o diferencial, pode colocar uma capacidade pequena, grande, ou em vários locais ao mesmo tempo. Começa com o cliente com certas demandas, e pode aumentar cinco, dez ou 20 vezes", destaca o vice-presidente sênior de desenvolvimento e engenharia de sistemas espaciais na SES, Neliton Vasconcelos.
Universalização
Outra vantagem do SES-17, segundo a empresa, é que haverá cobertura em banda Ka no Brasil inteiro. A ideia da operadora é que ele possa ser complementar ao Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações (SGDC), da Telebras (e que tem capacidade comercial em contrato com a Viasat) em programas de inclusão digital do governo, como o Gesac.
"Em geral, o satélite é o primeiro 100% comercial que vai ter cobertura total no Brasil e traz capacidade gigabit para toda a necessidade para escolas e Internet nas praças", afirma o vice-presidente de vendas para dados fixos nas Américas da SES, Omar Trujillo.
Mas há outras linhas de fluxo de receita na qual a SES voltará as atenções também. "O cliente âncora é a Thales para IFC nas Américas, utilizando o serviço FlytLive, que já vai ter clientes no Brasil", declarou. "Além disso, estamos focando diferentes provedores de Internet, com MNOs e governos."
Entre os clientes no Brasil, ele cita as operadoras e a necessidade de backhaul para a cobertura em rodovias com o leilão do 5G. "Com certeza é um mercado que a gente já está trabalhando. Escutamos que é possível que as operadoras terão mais obrigações de conectividade em escolas, e é outra área onde a gente já dá solução de conectividade", complementa Trujillo.