Para Telefónica, concentração do mercado de Internet exige reflexão dos reguladores

Para Carlos López Blanco, diretor geral de Public and Corporate Affairs do Grupo Telefónica, há um processo global de transformação da dinâmica do modelo de Internet que impõe a necessidade de atenção dos reguladores. "A Internet deixou de ser aquele ambiente aberto, utópico, sem barreiras, em que empresas de garagem prosperavam livremente. Hoje é um mercado concentrado, regido por regras de mercado muito similares às da economia tradicional". Para o executivo, esse processo acontece ao mesmo tempo em que os diferentes governos, reguladores e formuladores de política buscam entender como deve se dar a regulação do ambiente de Internet. "É preciso que se questione se vale aplicar para esse novo ambiente digital as mesmas regras que se coloca no mundo real. Regras tributárias, de relação com o consumidor, de competição… Isso faz sentido para o ambiente de Internet? É algo que os formuladores de políticas precisam responder". Para López Blanco, uma definiçao sobre esses parâmetros é importante porque, qualquer que seja a resposta, é preciso criar um ambiente de simetria para as indústrias que concorrem diretamente com as empresas de Internet. "Não estamos dizendo que é necessário regular o ambiente de Internet. Dizemos que é preciso haver um ambiente de regras isonômicas, e se as regras que se aplicam às indústrias tradicionais se aplicam a esse novo ambiente digital .

Em entrevista a esse noticiário, ele disse que o desafio do Brasil é duplo, pois ainda é preciso discutir no país uma evolução do modelo tradicional do modelo de concessões de telefonia para um novo modelo, o que está acontecendo agora. "Essa discussão é importante e precisava ter acontecido há mais tempo, mas ela precisa ocorrer". Isso não pode significar, diz López Blanco, que as questões de Internet possam ser ignoradas. "O Brasil foi um dos primeiros a entender a importância de definir um conjunto mínimo de regras com o Marco Civil e não pode perder esse protagonismo", diz. Segundo o executivo, a tendência é que os reguladores de telecomunicações liderem essa discussão. "Tem sido assim nos EUA e na Europa, onde os reguladores de telecom estão trazendo esse debate". Segundo ele, a diferença de abordagens é que nos EUA a preocupação é não estabelecer referências regulatórias que, se replicadas em outros países, possam ser prejudiciais aos interesses das empresas norte-americanas. Já a Europa, diz ele, procura se proteger da hegemonia dos dois mercados em que estão os players dominantes no ambiente da Internet hoje (EUA e China), e assegurar a competição.

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