Senacon questiona pré-instalação de apps de apostas em celulares

Foto: boardingschools/Reprodução/ND

A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) solicitou esclarecimentos aos fabricantes de celulares sobre a possível pré-instalação de aplicativos de apostas em aparelhos novos.

O órgão notificou oito empresas: Samsung Brasil, DL Comércio e Indústria de Produtos Eletrônicos (distribuidora da Xiaomi), LG Brasil, Motorola Mobility, Positivo, Multilaser, TCL Semp Eletrônicos e Asus Brasil. A entidade deu o prazo de 10 dias para as empresas responderem aos esclarecimentos solicitados.

As notificações foram emitidas pelo Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC) e pedem que as empresas esclareçam a existência de possíveis acordos entre fabricantes de celulares e empresas do setor de jogos de azar.

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Para Wadih Damous, secretário Nacional do Consumidor, as empresas não podem violar o direito à liberdade de escolha e à informação clara. "A pré-instalação de aplicativos, sem o devido consentimento e transparência, pode configurar uma prática abusiva, especialmente quando afeta consumidores mais vulneráveis, como crianças e idosos", alertou.

Esclarecimentos solicitados

As notificações exigem que as empresas esclareçam, dentro de um prazo de dez dias, as seguintes questões:

  1. Os novos celulares estão sendo comercializados com aplicativos de apostas pré-instalados?
  2. Quais são os jogos de apostas pré-instalados, caso a resposta seja afirmativa?
  3. A fabricante tem algum contrato ou acordo comercial com empresas de apostas para comercializar celulares com esses aplicativos?

Caso existam tais acordos, a Senacon solicita os seguintes detalhes:

– Quais os termos dos contratos firmados?

– Os consumidores estão sendo informados de forma clara sobre os seus direitos, as condições e os termos de uso dos aplicativos, bem como os riscos de endividamento e de ludopatia (condição médica caracterizada pelo desejo incontrolável de continuar jogando, reconhecida pela Organização Mundial da Saúde) associados às apostas?

– Existem mecanismos para impedir o uso desses aplicativos por crianças, adolescentes ou outros grupos vulneráveis, como idosos e pessoas com dependência em jogos?

Vulnerabilidade do consumidor

Na notificação, a Senacon destaca que a instalação desses jogos nos aparelhos de telefone celular, de maneira nativa, infringe o princípio da vulnerabilidade do consumidor, um dos pilares do Código de Defesa do Consumidor (CDC).

O documento reforça, ainda, que qualquer prática que possa comprometer os direitos e garantias previstas na lei será analisada com rigor.

"Precisamos ter cautela diante do novo cenário de apostas no Brasil. A vulnerabilidade do consumidor precisa ser reconhecida, inclusive de forma potencializada, considerando o risco de vício e endividamento", destaca o diretor do DPCD, Vitor Hugo do Amaral.

Além de notificar as companhias em busca de esclarecimentos, a Senacon solicitou que elas apresentem cópias dos contratos firmados entre os fabricantes de celulares e as empresas de apostas para análise mais detalhada dos termos. A notificação adverte que o não cumprimento da solicitação poderá resultar em sanções por desobediência, como multas e abertura de processo administrativo, conforme previsto no CDC.

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