O mercado de telecomunicações brasileiro vive um momento único com investimentos em 5G, consolidação entre as operadoras móveis, o spin-off de empresas de redes neutras e a profusão de provedores de Internet (ISP), o que acaba virando uma oportunidade para um fornecedor de equipamentos de rede como a Infinera. A companhia, que fornece equipamentos para redes ópticas (iluminando as fibras, por exemplo), vê o Brasil como um expoente da América Latina, com uma dinâmica que traz oportunidades de negócios.
"Este mercado de ISPs eu só vejo no Brasil. Porque são muitos tier 2 ou 3, é um ecossistema próprio", destaca o CTO da Infinera para América Latina e Caribe, Andres Madero, em entrevista ao TELETIME. Para ele, o próprio movimento de consolidação entre os provedores é uma oportunidade, nivelando em mais companhias médias. "Vai ter muitos tier 2 do que 1 ou 3, mas com possibilidade de fazer em ambas as escalas."
De acordo com Madero, mesmo entre os ISPs menores há esse espaço para negócios. A estratégia da fornecedora é de oferecer mais, ainda que custando mais. "A indústria tem que parar de pensar em preço e mais em TCO [custo total de propriedade, na sigla em inglês]", destaca, comparando os hardwares com a troca de lâmpadas comuns pelas de LED, que são mais caras, mas mais econômicas no consumo.
Um dos clientes é a G8 Telecomunicações, que opera redes regionais e de longa distância e tem presença em São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, Minas Gerais e Bahia, com um backbone de mais de 3 mil quilômetros. A Infinera implantou solução de transporte óptico na rede DWDM da empresa em novembro do ano passado. A empresa também fez testes com a tecnologia em parceria com a American Tower.
Rede neutra
Essa lógica também vale para o mercado de redes neutras. Madero analisa que o movimento que acontece no Brasil, com a separação industrial da operação de infraestrutura para atacado comandada de forma neutra (isolada por uma chinese wall), também é visto em outros países. "Mas no Brasil tem sido mais, porque tem mais competição, e é um país dominante. É claro que vocês serão o primeiros", destaca o executivo colombiano radicado na Flórida, Estados Unidos.
Citando empresas como FiBrasil e V.tal, o CTO da Infinera coloca que, para ter a abordagem de neutralidade, as operadoras precisam também trabalhar com diferentes fornecedores. E a essa competição estimula o próprio conceito de redes abertas, uma das bandeiras da empresa. "Já víamos essa oportunidade há três anos. E fomos um dos primeiros do mercado a ter a abordagem aberta. Se nosso produto é o melhor, então acaba sendo escolhido."
Cabos submarinos
Outro segmento importante para a Infinera no Brasil é o de saídas internacionais. A empresa construiu dois cabos submarinos recentes, o da Seabras–1, da Seaborn e que conecta o País aos Estados Unidos; e o EllaLink, sistema com a Europa e que já chegou a ter participação da Telebras. De acordo com Andres Madero, um novo cabo submarino deverá ser anunciado em outubro, mas os detalhes ainda não foram revelados.
Na visão do executivo, há mercado para a capacidade em rotas internacionais. "A América Latina tem uma das maiores taxas de [uso de] cabo", afirma Madero. "Tem muita demanda sim, claro. Vemos isso porque ajudamos eles [as companhias de cabo submarino], e é necessário continuar a construir. Porque não é só chegar com capacidade de banda, é latência também."