A estratégia da TIM para conseguir recuperar a receita que tem perdido com a queda da VU-M (valor de uso da rede móvel) é fortalecer o segmento de dados. Entre os quatro maiores players do mercado, a TIM tem uma peculiaridade que a torna mais exposta a variações na receita oriunda da interconexão, que é o fato de não estar vinculada a uma operação fixa. As demais companhias, de modo geral, conseguem equilibrar essa conta, já que reduzir a tarifa de interconexão significa menos receita para a móvel e ao mesmo tempo menor custo para a fixa.
Os números reportados pela companhia referentes ao segundo trimestre mostram que a receita de R$ 3,98 bilhões caiu 2% em relação ao mesmo período do ano passado, fortemente influenciada pelo corte na remuneração pelo uso da rede. Sem considerar o efeito da redução da VU-M a receita teria crescido 2,2%.
De acordo com o diretor de relações com investidores da TIM, Rogério Tostes, essa queda é passageira, tendo em vista que a receita de dados (serviço em que não há VU-M) vem crescendo. Enquanto a receita total caiu 2%, a receita de dados cresceu 22%, com destaque para o que a empresa classifica como "conteúdo", que cresceu 70%.
A queda na VU-M tem efeitos também sobre o EBITDA, índice que mede a rentabilidade da companhia. No segundo trimestre do ano, o EBITDA de R$ 1,33 bilhão foi 8% superior ao do mesmo período do ano passado, mas teria sido 15,8% maior caso não houvesse o corte na VU-M.
A expectativa de queda da VU-M aliada ao amadurecimento do mercado levaram a um "ajuste estratégico" em 2012 com o objetivo de acelerar a migração da receita de voz para dados. Mas os efeitos, de acordo com o presidente da TIM Fiber, Rogério Takayanagi, não serão imediatos. "Esse ano e o próximo devem ser de baixo crescimento do setor. Essa redução da receita vem muito em função da redução da tarifa de interconexão", afirma ele.
Com a migração da receita para dados, a participação da tarifa de interconexão na receita total tende a diminuir. Em 2010, por exemplo, a receita de interconexão era quarta fonte principal fonte de receita, com 25% da receita total; hoje esse percentual é de 12%, mas ainda é a segunda maior fonte de receita. "A mensagem que a gente quer passar é que dados vai suprir. O bolo de interconexão está se reduzindo, essa é a boa notícia. A má notícia é que a receita está caindo", afirma Tostes. Os executivos participaram nesta terça, 19, de evento organizado pelo Apimec em Brasília.