Inmarsat faz 40 anos de olho no mercado de dados

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A operadora de satélites Inmarsat completou na última quarta-feira, 16, aniversário de 40 anos de fundação. A companhia iniciou com foco na comunicação e segurança marítima no início dos anos 80, mas com as novas demandas por dados, a empresa procura agora se reinventar com uma estratégia mais focada na disponibilização de cobertura global e, futuramente, com a oportunidade de flexibilização da capacidade de feixes. Também já atende novas tecnologias, inclusive no Brasil, sobretudo a Internet das Coisas e conectividade de bordo em aviões.

Na sua fundação, em 1979, a empresa era como uma organização intergovernamental – International Maritime Organization (IMO), ligada às Nações Unidas. Ela contava com representantes de estatais de telecomunicações de vários países, como a British Telecom, e a presença brasileira por meio da Embratel (até hoje, a operadora conta com vários engenheiros brasileiros). A companhia se tornou privada em 1999 e, 20 anos depois, em março deste ano, anunciou que fechará o capital novamente. Um grupo de private equity, liderado pelas empresas Apax e Warburg Pincus, entrou em acordo para comprar a operadora por um montante equivalente a US$ 6 bilhões, incluindo dívida. A transação deverá ser concluída até o final deste ano.

Com atuação na empresa há 25 anos, o vice-presidente sênior de service assurance da Inmarsat Global, Kengi Chen, explicou a este noticiário a trajetória da empresa nestas quatro décadas. Os primeiros satélites eram baseados na banda L para prover serviço, mas, da quarta geração em diante, a companhia mudou o foco para a banda Ka para atender à demanda pelos dados, atuando agora com a rede Global Xpress. "Durante todo esse período de 40 anos, houve uma evolução: a segurança marítima e aeronáutica continua em foco, mas também passou a ser terrestre, além de aumentar a taxa de dados para a banda Ka", afirma. 

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O próximo passo será com as gerações 7, 8 e 9 de satélites da rede Global Xpress. Como eles têm feixes ajustáveis, a companhia poderá fazer overlay de capacidade, redirecionando a cobertura para certas áreas onde o tráfego é maior. O executivo explica que essa frota tem um período de desenvolvimento mais curto, o que tem impacto no custo. Essa nova constelação deverá começar a ser lançada em 2023 – antes, por volta de 2021, a companhia pretende ainda lançar o Inmarsat 6, focado em banda L e também com payload em banda Ka

Atuação brasileira

Especificamente no Brasil, a Inmarsat tem atuação diversificada por conta da extensão territorial. Além do mercado marítimo, na segurança de navios, a empresa também provê serviços para governo (atuando na transmissão de dados de todas as eleições desde 2008), aviação e para a mineração. "Com o problema das queda das barragens em Brumadinho, estamos trabalhando para fazer o monitoramento via satélite dos locais, que é uma coisa importante e que está sendo bem discutida com o governo de Minas Gerais", declara Chen. Outra área de atuação no mercado brasileiro é no gerenciamento de frotas, tanto para a malha ferroviária quanto rodoviária, atuando no transporte e logística. 

A companhia trabalha agora com a IoT, com foco na agricultura, fazendo o monitoramento de plantações. Além disso, trabalha com o monitoramento de sistemas de energia da companhia elétrica mineira Cemig, entre outras. Mas a conectividade em aviões vem se mostrando como um importante filão. "Há uns anos, houve uma tentativa de prover serviços de Internet ou voz em aviões por outras companhias, mas elas não foram muito felizes. Agora é um período que a conectividade in-flight está crescendo muito, e certamente um dos focos é o crescimento nessa área para a América Latina", analisa Chen. A operadora fechou contrato com a Avianca em 2017, e começou a prestar serviços em novembro do ano passado. Contudo, a companhia área está em recuperação judicial e perdeu a concessão para voos em maio.

Mercado

Na avaliação de Kengi Chen, a concorrência global com novos players é bem-vinda, embora afirme que a Inmarsat está melhor posicionada por conta da longa experiência em serviços móveis por satélite. Ele lembra que já houve um boom de operadoras satelitais, com desenvolvimento de constelações diferentes. "No final desse período, nós mantivemos nossa estratégia de prover serviços globais, pois são poucos os competidores que estão planejando essa estratégia", afirma.

O mesmo vale para o Brasil, onde a companhia começa a sofrer competição de players como Hughes/Yahsat, Hispamar, Embratel/Star One e mesmo na parceria da Telebras com a Viasat, utilizando o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações (SGDC). "O SGDC tem essas parcerias com o governo, e depende das atividades e dos requerimentos que as empresas estão tentando cumprir. Mesmo assim, em termos de competição, acho que estamos bem posicionados para prover serviços para a área comercial – também pela criatividade e pelas iniciativas que estamos propondo e indo atrás", diz. 

A possível liberação de uso comercial da base de Alcântara, no Maranhão, é bem vista pelo executivo, que tem colegas trabalhando no local. "Essa parte de lançamento de foguetes é um desafio, porque é uma tecnologia muito controlada, então é difícil ter sucesso na área", diz. Ele entende que dependerá da capacidade dos veículos que poderão ser usados, já que os satélites de comunicação são de maior porte. "Depende muito da capacidade dos foguetes para lançar o que necessitamos." 

Frequências

Kengi Chen entende que, assim como o mercado de telefonia móvel, o de satélites também tem necessitado de cada vez mais espectro. Da banda L até a Ka, já houve uma evolução na demanda por dados e capacidade. "Mesmo com a banda Ka, está parecendo que 500 MHz para atender ao usuário já não parece muita coisa", declara. O VP da Inmarsat acompanha as discussões de destinação de bandas mais altas para o serviço, como as bandas Q e V propostas pela Anatel e que deverão ser levadas à Conferência Mundial de Radiocomunicações (WCR-19) que acontece neste ano, no Egito. "Obviamente temos competição com o pessoal de serviços terrestres com o 5G, mas, no final das contas, acho que existe espectro para todo mundo e estamos unidos na tarefa de prover o que o usuário necessita e demanda."

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