Red Hat: operadoras não devem esperar 5G para investir em edge

Colaborando na atualização da infraestrutura das operadoras de telecom globais, a fornecedora de software open source Red Hat acredita que as empresas do setor, sobretudo na América Latina, não devem esperar a consolidação da tecnologia 5G para investir em edge computing (ou computação "nas bordas" da rede), sobretudo após o impacto da pandemia do novo coronavírus (covid-19).

"Nenhuma empresa esperava algo como o confinamento prolongado, com implicações como o home office. Esse cenário ainda fica mais evidente na América Latina, onde muitas operadoras começam a se dar conta que há um atraso tecnológico e é preciso avançar o mais rápido possível", afirmou o gerente global para soluções de telecom da Red Hat, Hanen Garcia, em entrevista por email a TELETIME.

"Companhias vão precisar saber como gerenciar a rede de uma maneira inteligente para um balanceamento de capacidade entre as zonas empresariais e residenciais [por conta do home office]. Para isso, a tecnologia edge é super importante", afirmou Garcia.

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Neste sentido, o executivo da Red Hat defende que as empresas do setor não esperem a consolidação do 5G para executarem suas estratégias. "Não é mais uma questão de ver isso de edge e 5G daqui dois ou três anos, mas agora", argumentou. "É preciso seguir duas estratégias conjuntas: aumentar a capacidade do 4G, ampliando a penetração, ao mesmo tempo em que começam a construir a rede 5G".

"As operadoras já têm as ferramentas físicas para isso, mas precisam implantar infraestrutura para prover o serviço de borda. Dentro desse contexto, o open source surge como excelente aliado", completou Garcia, destacando que os próximos passos são "mais uma questão de modelo de negócio e de destrinchar como trabalhar com essas soluções e dinamizar a implementação da infraestrutura".

"Há várias oportunidades para se começar, como por exemplo, o crescimento exponencial da realidade aumentada para formação de pessoas e redução de falhas na planta industrial. Isso é algo que, creio, será um foco porque as tecnologias já estão prontas, e não é tão etéreo como os carros autônomos, por exemplo", afirmou.

Modelos

A Red Hat enxerga duas grandes tendências para o ecossistema "de borda". Por um lado, o desenvolvimento de uma plataforma edge "mundial", comum e aberta, que reúna serviços de diversas empresas. Pelo outro, parcerias com as grandes provedores de nuvem pública, que já trabalham diretamente com as operadoras para garantir um naco do mercado.

"São dois modelos: criar uma nuvem edge mundial do ponto de vista das operadoras ou trabalhar com as nuvens públicas para dar capacidade de criar e levar aplicações ao edge. Qual vai ser o mais usado?", questionou Garcia. "Acredito que ambos vão coexistir, e a escolha dependerá do modelo de negócio que as operadoras querem utilizar para monetizar as aplicações de edge e os recursos empregados na computação de borda", avaliou o executivo.

Como nota Garcia, a alternativa do ambiente colaborativo tem avançado dentro da indústria em meio às discussões do 5G. "A GSMA criou um projeto para desenvolver um edge aberto e inclusivo, agrupando operadoras para criar uma plataforma a nível mundial de nuvem de edge, que possa ser utilizada por todos agora e também em um futuro próximo", lembrou.

"O outro tipo de iniciativa vem das próprias nuvem públicas, que estão trabalhando direto com as operadoras para atrair também essa parte da computação de borda", lembrou Garcia. Exemplos recentes deste movimento são as parcerias que os grupos Telefónica e Telecom Italia fecharam recentemente com o Google Cloud para o edge em seus mercados sede.

Para a Red Hat, que atua com o fornecimento de software open source, as duas alternativas representam oportunidades para a empresa. "A demanda que se vê hoje no mercado é por aplicações edge nativas em cloud, com microsserviços e containers", nota Garcia. "Estamos trabalhando com muitas operadoras com foco nesse tipo de aplicação na América do Norte e também na América Latina".

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