Um estudo elaborado pela Esalq/USP sobre conectividade no campo aponta que apenas 23% do espaço agrícola brasileiro possui algum nível de cobertura por Internet. Com o avanço da cobertura de conectividade nessas áreas rurais, o Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária aumentaria em até R$ 100 bilhões. O documento foi lançado pelos ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e das Comunicações (MCom) nesta quarta-feira, 19. Este é o primeiro grande estudo sobre o assunto. Esse levantamento já era esperado há pelo menos dois anos.
O estudo mostra ainda que para dobrar o índice de conectividade no campo para 48% ou 50% seria necessário instalar 4.400 torres em um prazo de dois anos. Para se alcançar 80%, serão necessárias 15.182 antenas, em um prazo de quatro anos.
Sintonia
O ministro das Comunicações, Fabio Faria, ressaltou que o MCom e o MAPA possuem sinergia para a atuação de conectar o campo, com um plano conjunto para universalizar a conectividade móvel. "Os dados mostram que existe um deserto digital no agro brasileiro. Com a chegada do 5G o Brasil vai poder mostrar para o seu poder, o poder do agro. A implementação do 5G vai permitir crescer em até 20% por ano no setor agrícola brasileiro. O 3G atende 46% e 4G 39% de uma população rural de 29 milhões de pessoas", afirmou.
O modelo apresentado no documento permite conectividade em satélite e fibra e já existe um piloto de um projeto de conectividade rural com uso de satélite em 51 localidades, a maioria localizada no Nordeste, informou o MAPA.
A política
Vitor Menezes, secretário executivo do MCom, destacou o papel da Frente Parlamentar do Agronegócio para a aprovação da nova lei do Fust, e ressaltou que existem outros instrumentos que podem ser usadas para conectar o campo, além dos recursos do Fundo. "São instrumentos que podem ser usados para conectar o agro: o edital do 5G, já que temos uma série de obrigações, dentre elas, o uso do 5G standalone, o que permitirá usar o 5G de verdade; a obrigação de conectar com 4G localidades com pelo menos 600 habitantes, que com certeza conectará áreas rurais, pois essas localidades estão no campo em sua maioria; e a obrigação de conectar estradas, que também beneficiará o agronegócio", disse Menezes.
Artur Coimbra, Secretário de Telecomunicações do Ministério das Comunicações afirmou que o estudo apresenta dados importantes para quem está na tarefa de elaborar políticas públicas de conectividade. "E ele chega em boa hora, porque é o momento em que aprovamos o Fust", destaca. Contudo, os recursos do fundo foram contingenciados no Orçamento de 2021, embora o MCom esteja tentando reaver ao menos parte da quantia junto ao Ministério da Economia.
Confira o estudo aqui.