Escassez de espectro para LTE pode ser contornada, diz executivo do IDC

Apesar de já estar sendo implementada em diversos países, a tecnologia LTE tem se mostrado fragmentada por conta de diferentes frequências utilizadas e de difícil interoperação. Isso porque, segundo o diretor de programa e dispositivos móveis do IDC, William Stofega, a indústria não chegou ao ponto de permitir que devices se conectem com a tecnologia 4G em qualquer lugar do mundo. “Acho que a grande coisa que temos de começar a pensar é sobre como conectar os dispositivos de forma transparente, mas ainda não conseguimos fazer muita coisa assim”, disse ele durante a conferência Be Mobile, organizada pela BlackBerry em Miami nesta semana.

Um motivo forte para que ainda não existam aparelhos multibanda disponíveis, segundo Stofega, está na questão de otimização do hardware. “Por precisar de muitas antenas (para as várias frequências), o LTE requer muito poder de computação, e isso faz com que a bateria tenha sua eficiência comprometida. São necessários muitos ciclos para localização e triangulação. Esse tipo de coisa acaba sendo resolvida, mas não é tão simples.” Mas isso, garante, ainda não chegará pelo menos nos próximos dez anos. “A resposta é que ainda não tem solução. Há muitas pesquisas, mas ainda não vimos muito disso”.

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Ele reconhece que a indústria de chipset está tendo dificuldades com o problema, o que acaba forçando que alguns aparelhos precisem se conectar em 3G em locais com incompatibilidade de frequências. “Isso acaba com toda a promessa de velocidade do 4G”, ressalta.

Eficiência

Ao mesmo tempo, as operadoras precisam lidar com regulações e problemas de ineficiência de espectro, tornando mais difícil uma harmonização de frequências. Tanto é que a banda escolhida pelo governo brasileiro, de 2,5 GHz, ainda é pouco utilizada em outros mercados, levando a uma menor disponibilidade de aparelhos. “É preciso limpar o espectro, livrando-se (do desnecessário), consolidando a banda e usando da maneira certa. Há um senso comum de que há uma escassez de frequências, e isso é bem verdade. Mas muito do problema hoje é do uso de espectro em bandas não-contínuas, eles não têm usado ou planejado corretamente, é um problema de organização”, explica.

Stofega lembra que também há os custos necessários para a implementação da rede, que são muito maiores pela necessidade de backhaul de fibra. Ele cita o caso da operadora norte-americana Sprint, que precisou correr para atualizar a infraestrutura LTE,  e apenas contar com o espectro não ajudou.  “Os leilões de 3G foram um desastre nos Estados Unidos, as companhias entrarem em dívidas grandes para pagar pelo espectro. Elas não quiseram repetir isso, (com o 4G) mas, ao mesmo tempo, viram que o montante de eficiência espectral tem sido cada vez menor.”

Novas tecnologias

Há alternativas que podem ser uma saída, pelo menos paliativa. “Há uma tecnologia chamada headrow que é interessante porque pega o Wi-Fi e outras formas wireless trabalhando junto”, explica ele. Outra é o “empréstimo” da conexão sem fio, em troca de descontos na mensalidade. “Esses são alguns dos tipos mais inovadores, porque é baseado em economia no centro de tudo, em vez da tecnologia. Mas ainda está a anos de ser implementado”, diz William Stofega.

Mas a mais avançada é a que utiliza o espectro de luz visível para conexão à Internet. O instituto Fraunhofer Heinrich Hertz, em experimentos em laboratório, foi capaz de alcançar taxas de 3 Gbps utilizando a nova tecnologia, considerando que lâmpadas LED normais utilizam três frequências de luz (ou cores), cada uma capaz de disponibilizar 1 Gbps.

O executivo do IDC explica que também há ainda alguns problemas a serem solucionados. “Você tem que ter luz visível para funcionar: se colocar um dispositivo debaixo de uma mesa, por exemplo, ele pode perder o sinal. Há maneiras de resolver isso, mas ainda não chegaram lá”, declara. A tecnologia promete altas velocidades e eficiência por não gerar tanto calor, segundo ele. Mas há outros detalhes que ainda deixam a novidade longe de ser adotada. “Não é apenas a infraestrutura de energia, é preciso um mecanismo para fazer o tráfego de dados pelas lâmpadas, precisa de um pequeno chipsets com fios. Tem-se a luz, mas precisa ter um tipo de backhaul para funcionar”, explica. “Mas não acho que seja um problema. É uma boa coisa, pode ser mais fácil para todo mundo”, completa.

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