A Telefónica está reunindo capital para pôr em prática sua estratégia de ter total controle sobre uma operadora de telefonia móvel no Brasil. O caixa da empresa está sendo reforçado com a venda da Airwave O2 Ltda. – que presta serviços de comunicações digitais seguras no Reino Unido – para a Guardian Digital Communications. O negócio foi firmado com a Telefónica O2 Europe PLC, filial 100% da Telefónica S.A., e sua filial O2 Holdings Ltd. Ainda nesta quinta-feira, 19, o jornal espanhol El Economista anunciou em sua versão on-line que a Telefónica teria apresentado à Olimpia uma oferta por 12% da Telecom Italia. Outros 6% ficariam em poder de italianos, como quer o governo daquele país. A Olímpia detém 18% da Telecom Italia, constituindo-se em sua maior acionista. O objetivo da Telefónica é ficar com 66% da Olimpia. Para avançar no controle sobre a Telecom Italia e abrir caminho para ficar com a TIM, a Telefónica teria que fazer um investimento muito maior, pois outros 5,4% das ações estão com a Brandes, 3,68% com a Hollinvest e 1,5% com Mediobanca e igual percentual com a Assic Generarli.
Duelo global
O jogo entre as operadoras fixas e móveis é intrincado e envolve interesses em vários países. Com essa oferta pela Telecom Italia, por exemplo, a Telefónica pretende eliminar do negócio sua maior rival na América do Sul, a Telmex, do mexicano Carlos Slim Helú, e impedir que estréie na Europa. Mas não será fácil. A norte-americana AT&T já admite retomar a corrida pela empresa italiana em parceria com a Telmex.
Se a empresa espanhola vender também a Endemol, como informou tal pretensão à Comissão de Valores Mobiliários de Madri, haverá mais um reforço significativo para seu caixa.
Entre suas opções para atuar de forma plena no mercado brasileiro está a aquisição da TIM ou da participação da Vivo em poder da Portugal Telecom (PT). Acontece que aí entra uma engenharia intrincada. Os acionistas da Telefónica autorizaram o desembolso de 1,5 bilhão de euros para aquisições mais eventuais liquidações de ativos. Ocorre que ainda assim a empresa espanhola não reuniria o montante necessário para comprar a TIM, pois teria que pagar praticamente pela totalidade das ações. No caso da Vivo (uma aquisição muito mais provável, segundo fonte da Telefônica), o investimento poderia ser menor, pois tanto a Telefónica quanto a PT detêm cada uma 33% do total de ações (sendo 50% do controle cada). Mas a Telefónica tem que contar com a estratégia da própria PT, que também tem interesse no controle majoritário da operadora e, eventualmente, pode adaptar o valor da venda de sua participação à necessidade premente da empresa espanhola em ficar sozinha com a operadora móvel. Como se vê, a convergência verticalizada não é uma tarefa fácil para os players da Península Ibérica.